Depois de 7 anos, Marjorie Estiano volta às novelas em A Vida da Gente
Longe dos folhetins diários desde Império, atriz comemora poder rever a tímida e doce Manuela: “Vai ser especial por vários motivos”
atualizado
Compartilhar notícia
Longe das novelas desde Império, em 2014, Marjorie Estiano volta ao folhetim diário a partir desta segunda (1]/3), com a reprise de A Vida da Gente, que foi ao ar três anos antes. Na trama, que substitui Flor do Caribe na faixa das seis, Marjorie é Manuela.
Filha de Eva (Ana Beatriz Nogueira) e irmã mais velha de Ana (Fernanda Vasconcellos), é uma jovem tímida e sensível. Um pequeno defeito físico faz com que Manuela manque. Rejeitada pela mãe desde pequena, cresceu à sombra da irmã talentosa, sua única amiga e confidente, tornando-se “invisível” em casa e na escola. Conta com o amparo de Maria (Neusa Borges), fiel empregada da família, que sempre estimulou seu talento para a culinária. Após o acidente que deixa a irmã em coma, assume a responsabilidade por Júlia (Jesuela Mouro) e, tempos depois, inicia um romance com Rodrigo (Rafael Cardoso). Abaixo, a atriz fala sobre sobre sua experiência na pele de Manu.
A Vida da Gente foi escolhida para ser exibida em edição especial a partir de março e a receptividade do público tem sido muito boa. Como você recebeu a notícia da volta da novela? E esperava que as reações seriam tão positivas?
Fiquei muito feliz, imagino que a escolha seja bastante criteriosa e poder rever vai ser especial por vários motivos. Foi gravada dez anos atrás, e olhar pra trás é sempre uma oportunidade de se reavaliar e compreender o seu momento presente. O texto da Lícia é existencial, são conflitos atemporais e por esse motivo vai ser interessante perceber se, passados 10 anos de distância, assumiríamos os mesmos posicionamentos de antes ou interpretaríamos as circunstâncias da mesma maneira. O que muda ou mudou. O que permanece. Entre tantos diálogos belíssimos, tem um trecho em que a personagem da Nicette, que fazia a vó Iná, fazia uma reflexão justamente sobre o tempo e a transformação que ele pode testemunhar. Acho que é a síntese da sensação de revermos a Vida da Gente.
Dentre as novelas que fiz parte, essa sempre foi uma das mais citadas pelos espectadores. Sempre saudosos dos personagens preferidos, e gratos ao Globoplay pela oportunidade de revê-los. Citavam personagens, cenas, conflitos, falas, a torcida…Tenho certeza que quem viu, vai querer ver novamente. É uma novela delicada e aguda. De drama psicológico, com dilemas possíveis, conflitos frequentes e comuns a todos nós.
Qual a importância da Manuela na sua carreira? Conta um pouquinho como era viver aquela personagem.
O aprendizado é um exercício contínuo, sem fim. No meu caminho como atriz, até o último papel que interpretar na vida, vou seguir aprendendo e descobrindo coisas novas. E nesse percurso, eu diria que a Manuela foi um papel muito importante nessa experimentação por conta da personalidade, dos conflitos, das circunstâncias…e da etapa em que me encontrava dentro do aprendizado. Foi um exercício intenso, árduo e profundo, o que exige muito e também te oferece a oportunidade de alargar e sedimentar alguns entendimentos. Acho que com ela eu caminhei para o final de uma etapa.
Tem alguma cena inesquecível, que te marcou, e que você vai fazer questão de rever?
A oportunidade de conviver e contracenar com Nicette Bruno, Ana Beatriz Nogueira e Neusa Borges é inesquecível. Gratidão eterna ao universo por ter cruzado meu caminho com o delas. Um privilégio. A máxima que diz “ As pessoas podem esquecer o que você diz mas não como você faz elas se sentirem.” vale para os dois lados. Eu posso não ter gravado na memória uma cena, um diálogo mas, o convívio com essas atrizes era intenso , um deleite e inesquecível.
E tem alguma que tenha sido muito difícil? Qual e por quê?
Me lembro que a demanda era muito grande e com um ritmo violento. Muito mesmo. E especialmente no período do pós acidente, contando com a filmagem do acidente, em particular a parte dentro d’água, foi bastante desgastante. Era uma sequência grande de muito sofrimento, de um momento trágico na vida da personagem. E viver essa carga por um período longo foi difícil e doloroso.
Quais são suas principais recordações das gravações?
Não saberia dizer agora algo além do que já disse mas tenho certeza que ao rever, vou resgatar várias. As memórias, o que marca, como e porque marca, a transformação que promove nem sempre é muito consciente, nem sempre é de fácil acesso. Mas rever a novela vai ser uma experiência interessante, certamente vai abir essa porta de percepção. Estou curiosa pra me deparar com essa experiência.
Como foi a parceria com o Rafael Cardoso e a Fernanda Vasconcelos? Com Ana Beatriz e D. Nicette, figuras tão antagônicas na trama para a Manu…?
As melhores lembranças, o que eu mais guardo, sempre. As parcerias. Rafael é muito leve e simples, muito paciente e tranquilo. Me lembro de ser muito prazerosa e divertida a nossa interação, nos falamos eventualmente, e mesmo não sendo frequente sinto que ficou uma fluência entre nós. Nicette era tudo e mais um pouco, a sensação é de que poderia conversar com ela durante horas e sobre qualquer assunto, com muita troca, muita escuta, elaboração, engraçada, inteligente, sensível… Ana Beatriz também, e de uma forma completamente diferente. Fernanda era minha hermana, na alegria e na tristeza…as duas correndo juntas atrás de dar conta daquilo tudo, de toda ambiguidade, profundidade e delicadeza que a Lícia oferecia. Essa novela foi densa, tenho certeza que minha hermana vai concordar. Suamos frio. E o melhor pra mim, é que depois que passa, as boas lembranças ganham muito mais importância.