Crítica: Onde Está Meu Coração emociona em debate sobre drogas
A série tem ótimos momentos, porém, escorrega ao apostar em um roteiro baseado nos vícios de novelas
atualizado
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No imaginário popular – muito influenciado pelas imagens das cracolândia divulgadas na mídia – traz o viciado na “pedra” como pessoas periféricas e em situação de rua. No Brasil, sabe-se, essa população tem cor, é preta. Neste contexto, Onde Está Meu Coração, nova série do Globoplay, tenta quebrar esse estereótipo, ao mostrar a médica de classe alta Amanda (Letícia Colin) sucumbindo diante do vício.
Aliás, não é apenas a médica que foge do padrão do usuário de crack. O traficante, ele também, é branco – contrariando o olhar preconceituoso. Assim como o marido de Amanda, Miguel (Daniel de Oliviera), um bem-sucedido arquiteto. Ao quebrar esses paradigmas, Onde Está Meu Coração abre espaço para uma discussão potente sobre as drogas na sociedade brasileira.
Essa é trama que norteia os 10 episódios da primeira temporada, com Amanda lutando contra o vício, enfrentando recaídas e arrastando, em sua jornada, seu pai David (Fábio Assunção), sua mãe Sofia (Mariana Lima) e sua irmã mais nova Júlia (Manu Morelli).
Onde Está Meu Coração é uma boa aposta do mercado de séries do Globoplay – que vem crescendo nos últimos anos. Com destaque para a atuação visceral e impactante de Letícia Colin, o grande destaque da produção. Outro aspecto positivo é tirar a droga da periferia e mostrar que entre a elite a substância é ainda mais presente.
Se o argumento é empolgante – assim como o elenco, que também conta com a brasiliense Camila Márdila, –, o roteiro da produção perde fôlego à medida que a história se desenrola. A produção audiovisual brasileira evoluiu muito na linguagem das séries, porém, ainda se apega a soluções tradicionais nas novelas.
Onde Está Meu Coração, em suas tramas paralelas, escorrega ao insistir nas fórmulas e personagens clássicos dos folhetins. Esse deslize, no entanto, não compromete a experiência.
Avaliação: Bom
Colaborou Luiz Prisco