Autora garante que Além da Ilusão é uma novela que traz esperança
Com 20 anos de carreira na Globo, Alessandra Poggi assina sozinha seu primeiro trabalho na emissora
atualizado
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A autora de Além da Ilusão não vê a hora de sua novela ir ao ar. É a primeira vez que Alessandra Poggi assina sozinha um trabalho na emissora. Ela é formada em Jornalismo pela UFRJ, com especialização em Literatura Brasileira pela PUC-Rio. Trabalha na Globo desde o ano 2000, onde começou no programa Gente Inocente. Como colaboradora, escreveu várias temporadas de Malhação (de 2003 a 2010), de onde saiu para integrar a equipe de Miguel Falabella na novela Aquele Beijo (2011), e nas séries Pé na Cova (2013 a 2016) e Sexo e as Negas (2014). Em 2017, dividiu com Ângela Chaves a autoria da supersérie Os Dias Eram Assim, seu primeiro trabalho.
Normalmente há uma preparação para o elenco, que antecede a estreia da novela. Alessandra, no entanto, quis participar para criar uma conexão com seus atores e adorou a experiência. “Eu nunca tinha participado de uma preparação e eles nunca tinham visto um autor participando. Cheguei na sala enorme, com aquele telão escrito Além da Ilusão, novela de Alessandra Poggi. Já fiquei nervosa! Todos estavam muito emocionados também, porque a história está tocando cada ator com seu personagem. Eles estão muito emotivos por estarem voltando a trabalhar. Foi quase uma catarse. Participei de alguns exercícios. Fiquei um pouco nervosa, porque tem momentos em que você tem que parar, encontrar o olhar de outra pessoa e tem que fixar o olhar. No final, você entende que aquilo é justamente para criar uma conexão. São estranhos que vão contar a história de pessoas que se amam e que vivem juntas desde que nasceram”, conta a autora.
Confira mais trechos da entrevista com a criadora da trama que estreia nesta segunda-feira na faixa das 6.
Como você define a novela?
uma saga romântica. Ela conta várias histórias de amor, mas a principal é a do Davi (Rafael Vitti) com a Isadora (Sofia Budke/Larissa Manoela). Então, não é só uma história de amor e uma novela de personagens fortes, é uma parábola do nosso tempo apesar de se passar nos anos 1930 e 1940. Fala sobre verdade e mentira, sobre uma justiça que não é vingança.
Que mensagem você pretende passar para o público?
Espero que a novela emocione e faça as pessoas suspirarem de amor e se apaixonarem junto com os personagens. O objetivo é alegrar, dar esperança e lembrar que a vida também é isso. Quero que as pessoas se apaixonem junto com eles (Davi e Isadora). E com as outras histórias também.
A novela tem uma tecelagem como cenário e dentro desse contexto os fios entrelaçam as histórias dos personagens. Como o público vai perceber isso na trama?
Quando falo sobre tecer os fios da história é exatamente sobre isso. É costurar a vida dos personagens operários à construção da fábrica e ao crescimento dela. Além disso, procuro fazer algumas costuras mais poéticas no texto, entre as cenas. Costuro diversas trilhas em um texto só, assim como algumas cartas. Penso que aí também tem uma coisa que é para encantar. O espectador vai vendo tudo acontecendo.
Qual a sua relação com a moda, a costura?
Minha vó e minha tia costuravam meus vestidinhos de aniversário. Engraçado, nunca gostei dessas coisas de tricô, bordado e costura, linha e agulha. Sou péssima (risos). Furo o dedo ao tentar prender um botão, mas acho uma arte, acho lindo. E admiro a pessoa que sabe e entende de caimento de tecido, que sabe desenhar roupas novas. Além de achar legal, penso que combinava com a época ter também uma personagem feminina ligada à moda. Por isso veio a ideia.
Como foi o trabalho de pesquisa de expressões e gírias da época, marcas tão presentes no texto?Começou com o trabalho de pesquisa, que era pequenininha, e a gente foi aumentando à medida em que foi conhecendo mais palavras. Li muitos livros da época também. Até que minha colaboradora, Letícia Mey, falou que tinha um dicionário de gírias da época. Eu não consegui ler tudo, mas muitas vezes vou nele para ver o que posso usar. Algumas coisas foram mudando com o tempo e outras sumiram completamente.
Em seu texto, há muitas referências a artistas da época, como Pixinguinha, Noel Rosa, Bibi Ferreira, episódios históricos, entre outros. Além da ambientação, é uma forma de fazer o grande público conhecer nossa história?
Com certeza! É uma novela que fala muito sobre arte, cultura… A gente tem escritor, circo, teatro de revista… Vamos ter uma montagem de uma peça, entre outros.
Que temas relevantes você destacaria da trama?
Vamos falar de amizade com Bento (Pedro Guilherme Rodrigues/Matheus Dias) e Lorenzo (Vinicius Pieri/Guilherme Prates). Eu acho isso muito sério e importante. Falaremos sobre a luta pela justiça com o Davi (Rafael Vitti) e sobre os grandes poderosos, que acham que, por ter poder e dinheiro, podem manipular a vida dos outros. Vemos até hoje em dia o que vai acontecer com o Davi na trama… Abordaremos a maternidade com as personagens Heloísa (Paloma Duarte) e Giovana (Roberta Gualda), a fé com o Padre Tenório (Jayme Matarazzo). Com o Onofre (Guilherme Silva), falaremos sobre sonhos frustrados e o quanto isso abala a vida de uma pessoa, e vamos trazer a questão da esquizofrenia com o Matias (Antonio Calloni) e o Leônidas (Eriberto Leão), entre outros.
Com mais de 20 anos de casa, você agora é a responsável pela próxima trama das seis. O quão representativo é isso na sua carreira? É um desafio? De que forma você quer que essa experiência fique?
Até hoje é o auge, né? Eu estou muito animada, feliz e emocionada. Chorei ao ver as imagens que o Luiz (diretor artístico) me enviou. Que emoção! Essa é uma história que me fala ao coração, sabe? Eu sou apaixonada por ela. Quando você começa a escrever, fala assim: “Ai, eu quero que todo mundo ache legal do jeito que estou achando!”. Essa é uma expectativa muito grande. O desafio é ver que meu nome está na vitrine dessa vez. Então, quero que fique, além de um grande aprendizado, uma grande satisfação, porque está sendo muito gostoso escrever. Todas as etapas estão muito legais e tenho uma equipe de colaboradores muito querida, companheira e unida. Está tudo caminhando tão bem que vou morrer de saudade.
Normalmente há uma preparação para o elenco, que antecede a estreia da novela. Dessa vez você também participou. Como foi essa experiência?
Eu nunca tinha participado de uma preparação e eles nunca tinham visto um autor participando. Cheguei na sala enorme, com aquele telão escrito “Além da Ilusão, novela de Alessandra Poggi”. Já fiquei nervosa! Todos estavam muito emocionados também, porque a história está tocando cada ator com seu personagem. Eles estão muito emotivos por estarem voltando a trabalhar. Foi quase uma catarse. Participei de alguns exercícios. Fiquei um pouco nervosa, porque tem momentos em que você tem que parar, encontrar o olhar de outra pessoa e tem que fixar o olhar. No final, você entende que aquilo é justamente para criar uma conexão. São estranhos que vão contar a história de pessoas que se amam e que vivem juntas desde que nasceram.
Como foi o processo de escalação do elenco? E a ideia de reunir Lima Duarte e Paloma Duarte partiu de quem?
Comecei a escrever sem pensar em nenhum ator. Luiz (diretor artístico), em todos os momentos, me mostrou opções, perguntou o que eu achava. Sempre chegamos em um consenso. A ideia de juntar Paloma e Lima Duarte foi do Luiz. Vai ser maravilhoso!
Como está sendo a parceria com o Luiz Henrique Rios?
Ficamos meses falando só por telefone e vídeo e, quando estivemos nos Estúdios Globo para dar início à preparação do elenco, ele olhou para mim e disse: “Nossa! Você existe de verdade!” (risos). Isso é muito louco, mas muito legal. Temos uma parceria boa. Ele pescou o que eu queria muito bem e a novela está ficando linda.