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Influenciadores, jornalistas e a nova era da cobertura esportiva

De Scooby a Snoop Dogg: como influenciadores e jornalistas estão redefinindo a experiência da cobertura olímpica

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Instagram/CazéTV
Scooby conversa com Medina pela CazéTV influenciadores jornalistas cobertura olímpica
1 de 1 Scooby conversa com Medina pela CazéTV influenciadores jornalistas cobertura olímpica - Foto: Instagram/CazéTV

Em 30 de julho, o surfista e influenciador Pedro Scooby usou suas redes sociais para denunciar uma situação que culminou na suspensão do árbitro australiano Ben Lowe. Em um vídeo bem-humorado, no qual sobrepôs seu rosto a uma foto icônica de Gabriel Medina nas oitavas de final do surfe olímpico, Scooby revelou ter recebido via WhatsApp uma foto do árbitro abraçado ao surfista Ethan Ewing, também competidor.

Diante de alegações de possível parcialidade, já que Lowe poderia vir a julgar Ewing na disputa por medalhas, a ISA (International Surfing Association) afastou o juiz. “É inapropriado para um juiz interagir dessa maneira com um atleta e sua equipe”, diz o comunicado.

Comentarista escalado pela CazéTV, Scooby, cuja influência nem sempre é a mais positiva, fez um bom trabalho jornalístico. Além de divulgar a foto, Scooby expôs um histórico de decisões polêmicas do árbitro em outros campeonatos, citando fontes confiáveis para suas afirmações e sendo uma das vozes mais contundentes na condenação da conduta de Lowe.

Para facilitar a compreensão do público brasileiro, Scooby traçou um paralelo com o futebol, comparando a situação a um juiz sendo visto com Gabigol antes de um Fla-Flu.

Contudo, dois dias depois, o Comitê Olímpico Internacional repreendeu Scooby por má-conduta. O influenciador estava usando de suas amizades para entrevistar atletas antes de saírem da água, sendo instruído a realizar as entrevistas somente no local designado.

Mesmo advertido, Scooby retornou à água durante uma transmissão ao vivo e pediu que Medina acenasse para a câmera, já que não podia entrevistá-lo. A produção da CazéTV ironizou a nova infração: “Ele já foi proibido, mesmo assim, está chamando o Medina. Na moral, chama mesmo. Toma multa”.

Erros e acertos

A CazéTV, canal capitaneado pelo influenciador e apresentador Casimiro, também acumula erros e acertos na sua cobertura. Acertou, e muito, ao promover uma campanha para que sua audiência seguisse os atletas brasileiros e o perfil do Time Brasil no Instagram, resultando em um aumento expressivo de seguidores para ambos.

O Time Brasil ultrapassou 530 mil seguidores em um único dia, tornando-se o comitê olímpico com mais seguidores no mundo, superando os Estados Unidos, com um crescimento de 1,2 milhão de novos seguidores em sete dias.

Entre os atletas com maior crescimento, quatro são brasileiros: Rebeca Andrade (mais de 1 milhão de novos seguidores), Rayssa Leal (mais de 800 mil), Flávia Saraiva (mais de 600 mil) e Gabriel Medina (mais de 500 mil), com Simone Biles sendo a única não brasileira no top 5. Outras atletas, como Julia Soares, Lorrane Oliveira e Beatriz Ferreira, também ganharam milhares de seguidores.

No entanto, um dos comentaristas do programa Zona Olímpica, da CazéTV, Guilherme Beltrão, errou ao fazer um comentário machista sobre a performance dos atletas de nado sincronizado. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) fez uma nota de repúdio e pediu “responsabilidade aos veículos de comunicação ao tratar tanto da vida profissional, quanto pessoal dos atletas do esporte aquático”.

A colaboração entre a agência de influenciadores Play9, o COB e o YouTube para a cobertura das Olimpíadas de Paris, intitulada “Paris é Brasa”, atingiu a marca impressionante de mais de 500 milhões de visualizações nas redes sociais em apenas sete dias.

A iniciativa, que une influenciadores digitais e a delegação brasileira em uma experiência interativa, conta com a participação de jornalistas renomados, como Fátima Bernardes e Tino Marcos, além de personalidades de grande expressão nacional, caso da dupla Igão e Mítico, do podcast Podpah, Valen Bandeira, Daniel Braune, Matheus Costa e seu pai, conhecido pelo apelido de Zé.

Influenciadores nos EUA

Nos Estados Unidos, acompanhamos o mesmo fenômeno. A NBC, uma das maiores redes de TV norte-americanas, convocou um grupo diversificado de influenciadores, cada um com um grande número de seguidores, em várias plataformas de mídia social, para aprimorar sua cobertura das Olimpíadas e se conectar com o público mais jovem.

Entre eles estão Chris Matthews, um treinador de basquete com mais de 3 milhões de seguidores no Instagram, Jeenie Kwon, uma youtuber popular conhecida como Jeenie Weenie, com mais de 10 milhões de inscritos, Lecrae Moore, um rapper e ator com presença on-line significativa, e o icônico rapper e personalidade da mídia Snoop Dogg.

Ao aproveitar o alcance e o conteúdo envolvente desses influenciadores, a NBC se propôs a levar a emoção das Olimpíadas para a nova geração, que prefere acompanhar as Olimpíadas pelo celular. E conseguiu. A presença de Snoop Dogg, por exemplo, repercutiu para além dos Estados Unidos, se tornando um ícone de vários memes que estão circulando no Brasil.

As Olimpíadas de Paris evidenciam a crescente influência dos criadores de conteúdo na cobertura de grandes eventos, em especial competições esportivas. Influenciadores como Pedro Scooby e Casimiro demonstram o poder de impactar eventos esportivos, para além dos momentos de competição, indo da denúncia de irregularidades ao aumento do engajamento do público com atletas.

Ao mesmo tempo, os incidentes com Scooby e a CazéTV ressaltam a importância de padrões e ética jornalística. Embora sua reportagem inicial tenha sido valiosa, suas ações subsequentes borraram as linhas entre fã e repórter, levantando questões sobre o papel dos influenciadores no jornalismo esportivo e a necessidade de diretrizes claras para garantir uma cobertura responsável.

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