Você sente dor no pescoço? Veja como tratar
O médico José Humberto Pereira Júnior revela como tratar o quadro, que é bastante recorrente na população brasileira
atualizado
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A dor no pescoço é um problema recorrente na população brasileira. Pensando nisso, convidei o especialista em coluna José Humberto Pereira Júnior, médico do grupo Spine, para nos orientar quanto aos cuidados com essa condição.
“A dor na coluna cervical — também chamada cervicalgia ou dor no pescoço — é motivo de bastante procura por ajuda médica no consultório. Estima-se que 30% a 50% das pessoas têm ou já tiveram dores nessa região do corpo”, afirma o especialista.
Em grande parte dos casos, trata-se de uma condição benigna e autolimitada, isto é, que passa de forma espontânea e em alguns dias. Os sintomas mais comuns são dor e limitação dos movimentos, podendo haver rigidez no pescoço e irradiar (ou não) para a região dos ombros e braços.
Dores de cabeça, náuseas e vômitos podem estar presentes secundariamente a um quadro de dor intensa na cervical ou em qualquer parte do corpo.
Muitas vezes, associamos esse desconforto a alguma postura errada após dormir ou, até mesmo, mudanças de temperatura, como o uso de ar-condicionado.
Esses fatores podem ou não estar associados e, quando presentes, ocasionam mais frequentemente o torcicolo (acometimento do tipo contratura muscular com padrão típico em que a pessoa fica com a cabeça em posição fixa olhando para o lado contralateral ao da dor).
Entretanto, quando o quadro álgico, com ou sem rigidez, não regride, pode ser que exista alguma doença degenerativa da coluna, podendo inclusive apresentar sintomas mais graves, tais como perda de força nas mãos e/ou alteração de marcha.
Situações de complicação na coluna cervical podem envolver compressão nervosa e causar formigamentos (parestesias), dormência, perda de força nos ombros, dedos ou dor cervical irradiando para o braço nos casos de cervicobraquialgia.
Quando a dor é lancinante ou irradiada e resistente a medicações habituais, pode prejudicar a mobilidade e indicar um caso de espondilodiscite (infecção), tumor, hérnia discal, artrite ou espondilose (quando há degeneração das vértebras que pode ocasionar estreitamento do canal vertebral cervical e compressão nervosa por osteófito/bico-de-papagaio).
Em casos de complicação com ou sem compressão nervosa, o tratamento da cervicalgia pode iniciar com terapias alternativas para medidas anti-inflamatórias, manipulações, alongamentos, fortalecimento muscular e correção da postura, como RPG (reeducação postural global) e/ou fisioterapia e/ou acupuntura e/ou bloqueio cervical percutâneo em centro cirúrgico, podendo iniciar o pilates.
Uma intervenção cirúrgica é considerada em alguns casos de urgência (quando há perda de força progressiva em membros superiores ou compressão importante sobre a medula espinhal. Pode ser necessário abordagens cirúrgicas eletivas (programadas) quando, mesmo após a adoção de medidas leves, ainda haver resistência na melhora da dificuldade para realização de atividades de rotina.
Problemas de visão e audição não são causados por alterações da coluna cervical. Pode haver dificuldade de deglutição em casos de tumores.
A indicação é sempre buscar um especialista em coluna para que seja realizado o diagnóstico de maneira adequada e assim seja prescrito o melhor tratamento. Não se acostume a conviver com dor!