Ortopedista dá dicas para crianças que têm pé plano “sem arco”
A convite da coluna, o ortopedista Rodrigo Coimbra orienta como proceder nesses casos
atualizado
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Existe uma grande preocupação, principalmente por parte das mamães, quando elas identificam que o seu filho(a) tem o pé plano “sem arco”. A convite da coluna, o ortopedista Rodrigo Coimbra, da Cime Saúde Ortopédica, orienta como proceder nesses casos.
Segundo o especialista, é comum receber, no consultório, mamães chateadas por ouvirem de parentes e amigos que precisam levar o seu filho(a) ao médico porque ele(a) tem “algum problema” no pezinho. A boa notícia é que não existe motivo para preocupação!
Geralmente, o bebê possui a sola do pé reta, sem o arco formado. Ela se desenvolve aos poucos e deve estar totalmente estruturada por volta dos 6 ou 7 anos de idade. Porém, algumas crianças não a desenvolvem e acabam permanecendo com o pé plano. Isso ocorre, principalmente, por fatores genéticos. Na maioria dos casos, o quadro não resulta em problemas graves, ao contrário do que muita gente imagina.
O pé plano também pode ser decorrente de um componente de hiperfrouxidão ligamentar, e ter relação com determinadas malformações ósseas ou com o surgimento de ossificações anômalas.
Confira a entrevista com o especialista!
Qual é a sua recomendação profissional para as mamães e papais que têm filho com o pezinho plano?
Minha recomendação para os pais é que se o pezinho plano da criança tem gerado preocupações e tem sido motivo de chateação por acharem que tem algo de errado, procure logo o médico. Assim que identificarem algo diferente, consultem um profissional.
Não há necessidade de carregar essa preocupação sozinhos. O quanto antes for feita uma avaliação médica, antes a condição é esclarecida e os pais ficam tranquilos com relação ao filho.
E quanto ao uso de palmilha e órtese, a bota ortopédica?
Gosto muito de dar o exemplo do uso dos óculos. Se a criança tem essa recomendação e prefere usar, e não os tira por nada, isso significa que os óculos realmente são efetivos, porque gera conforto e melhora a visão.
No caso da palmilha, se houver a indicação, porém a criança preferir não usar, significa que não está sendo efetivo, o que não melhora a condição. A criança sempre tende a optar por aquilo que a deixa mais confortável.
Quanto à órtese OU “bota ortopédica”, não vejo bons resultados na minha prática clínica. As botas não corrigem problema ósseo. O uso das botas, na maioria das vezes, só causa dor, incômodo, desconforto e chateação para a criança.
Quanto a questão da criança andar e cair, não conseguir correr, ou “andar” com os pezinhos voltados para fora, como lidar com isso?
Isso faz parte do processo. A queda está associada ao fato da criança andar levantando o joelho. A minha sugestão é que a criança seja inserida em atividades que não exijam que ela corra. Que as atividades, tanto recreativas quanto de exercícios físicos, não a coloque em exposição, para que ela não se sinta excluída/diferente. É uma questão de adequação. Existem muitas opções de brincadeiras longe dessa “zona de perigo”.
Qual seria a idade que os pais precisam ficar atentos e levar o filho ao ortopedista caso a condição do pé não mude?
Se passou de 8 a 9 anos de idade e o pezinho continua plano é hora de buscar ajuda de um profissional ortopedista. Essa ajuda no momento adequado diminui a possibilidade de problemas ósseos como por exemplo uma artrose quando adulto.
Qual é a sua opinião para intervenção cirúrgica em crianças com menos de 7 anos de idade?
Não indico intervenção cirúrgica para crianças com menos de 7 anos de idade. É o que sempre digo para as mamães: tenham paciência, vamos aguardar o desenvolvimento completo.
Minha mensagem para os pais é que não se culpem e nem se cobrem tanto. Nós, profissionais, estamos aqui para ajudar e trazer alternativas para essas situações que fazem parte do desenvolvimento da criança.