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Afinal, consumir gordura faz mal?

Diante de tantos mitos e medos associados ao consumo da gordura, convidei a nutricionista Rebecca Boubli para esclarecer algumas dúvidas. Pode parecer loucura, mas, ao contrário do que se pensa, a gordura é o combustível favorito do metabolismo humano. Ao longo de toda a nossa evolução foi assim. Há milhões de anos consumia-se uma dieta rica em […]

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Azeite de Oliva
1 de 1 Azeite de Oliva - Foto: Wikipedia Commons/Divulgação

Diante de tantos mitos e medos associados ao consumo da gordura, convidei a nutricionista Rebecca Boubli para esclarecer algumas dúvidas. Pode parecer loucura, mas, ao contrário do que se pensa, a gordura é o combustível favorito do metabolismo humano. Ao longo de toda a nossa evolução foi assim. Há milhões de anos consumia-se uma dieta rica em gordura.

Há apenas cerca de 10 mil anos, os carboidratos tornaram-se tão presentes e abundantes na alimentação. Todos os seres humanos carregam o “gene da gordura”. Esses genes fazem parte da constituição humana e nos mantêm vivos. Apesar disso, ainda se pensa que os genes que levam a retenção de gordura são do mal e que dificultam a perda de peso.

Em 1900, um homem urbano ingeria cerca de 2.500kcal por dia, sendo que, aproximadamente, 40% dessas calorias eram provenientes de gorduras saturadas e insaturadas. A base da dieta era rica em manteiga, ovos, carnes, grãos, vegetais e frutas da estação.

Lá pela virada do Século 20, foi observada a alteração no padrão de gorduras que a população consumia. Começamos a utilizar os óleos vegetais em substituição à manteiga. Logo em seguida, houve a criação dos óleos hidrogenados e, em poucos anos, o consumo de óleos vegetais quadruplicou em relação ao consumo da manteiga.

Paralelo a isso, vimos o surgimento da margarina, que ganhou espaço. Foi quando o conceito da gordura mudou para a população. A manteiga, o bacon e os ovos foram substituídos por margarinas, óleos de milho e cereais. Nessa época, o colesterol ganhou fama de causar doenças arteriais coronarianas.

A partir daí, o governo começou a traçar metas que tinham o objetivo de reduzir a ingestão de gorduras e evitar alimentos ricos em colesterol. As gorduras saturadas foram abominadas e consideradas más. Portanto, o consumo das carnes de boi, ovos, manteiga, queijos e óleos, como o de coco e o de palma, foram condenados e reprimidos.

É de grande valia ressaltar que o nosso cérebro consiste em mais de 70% (isso mesmo, SETENTA) de gordura. Ela desempenha um papel fundamental na regulação do nosso sistema imunológico, reduz processos inflamatórios e auxilia a absorção adequada de certas vitaminas, como as importantes e fundamentais A, D, E e K.

Apesar das gorduras trans (presentes nas margarinas e alimentos industrializados, por exemplo) serem um verdadeiro veneno, a gordura saturada foi apontada como uma gordura ruim e a colocamos como presente na mesma categoria das gorduras trans. Porém, nosso organismo necessita dessa gordura saturada. Ela desempenha um papel fundamental em várias vias do nosso corpo que nos permite viver de forma saudável.

Para se ter noção de sua importância, só como medida de curiosidade, 45% da gordura presente no leite materno é gordura saturada. Além disso, ela compõe a membrana celular, participa nas funções desempenhadas pelo pulmão, coração, ossos e fígado. Portanto, não é à toa que o corpo gosta tanto de gordura. 

O cérebro requer muito dessa fonte de energia. O corpo funciona de forma muito melhor quando damos as “gorduras boas” (e o colesterol faz parte desse time) para ele. É até curioso, mas note que nosso corpo exige uma baixíssima quantidade de carboidratos, conseguimos viver com uma baixa quantidade dele tranquilamente.

Porém, não conseguimos ir muito longe sem as gorduras “boas”. O mesmo se aplica ao colesterol. Ingerir alimentos ricos em colesterol não tem impacto em nossos níveis de colesterol (sim, é isso mesmo!). Nós precisamos dele para diversas funções orgânicas e prevenção de patologias neurológicas como, por exemplo, a demência.

Então, acreditem! Excesso de peso, ficar “gordinho” ou o surgimento de doenças do coração, doenças cerebrais, além de outras consequências metabólicas tem a ver com a ingestão (indiscriminada) de carboidratos e nada a ver com a ingestão de gordura.

Dessa forma, aproveite das melhores fontes. Não tenha medo do abacate, da gordura do coco, usufrua das castanhas, não tenha tanto medo da manteiga, ovos, carnes e frutos do mar. Aproveite o melhor dos azeites e seja feliz e, além de tudo, muito saudável.

Para te ajudar a colocar as gorduras no seu cardápio, procure um profissional qualificado. Lembre-se, que a escolha do alimento e a quantidade adequada é relativo e individual.

Segue uma playlist do DJ Raas Anderson para malhar:

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