Muita gente acredita que a corrida pode prejudicar a coluna vertebral. Porém, essa teoria não é verdadeira. Para esclarecer o tema e reiterar o quanto a atividade é benéfica para essa região do corpo, a Coluna Na Medida convidou o médico Diego Vendruscolo, especialista na área.

“Durante décadas, acreditava-se que a corrida era prejudicial para as estruturas da coluna vertebral. Com isso, ela era vista como vilã, causadora de hérnias e dor lombar”, inicia o profissional, que atende no Hospital DF Star e na Clínica Neuromed.

Segundo Vendruscolo, a dor na coluna apresenta consistentemente um dos maiores custos para a sociedade, devido a seus impactos na incapacidade e perda de produtividade, inclusive quando se contabiliza o aumento das taxas de mortalidade, se comparada com outras doenças.

A degeneração e a hérnia de disco são fatores importantes que contribuem para a dor na coluna. Por isso, saber que o disco intervertebral pode responder positivamente a certos tipos de exercícios e entender quais tipos de carga se mostra como algo ideal, e resultará em melhores diretrizes de indicação de exercício para prevenção e tratamento desse incômodo.

Estudo comprovou

Em 2017, um artigo referência no tema mostrou que homens e mulheres que corriam com frequência tinham uma melhor composição do disco intervertebral (hidratação e teor de proteoglicanos). A atividade também causou impactos na hipertrofia e fortalecimento do disco intervertebral, essencial para manter fortes as estruturas da coluna, prevenindo lesões.

O estudo recrutou três grupos de pessoas com históricos distintos de atividades: corredores (20-40 km por semana), corredores de longa distância (50 km ou mais por semana) e pessoas não-esportivas. Para ser incluído no grupo de corrida, os participantes precisavam ter realizado 20-40 km por semana nos últimos cinco anos e não terem realizado outro tipo de esporte ou exercício mais de uma vez por semana.

Os corredores de longa distância tinham que ter realizado pelo menos 50 km por semana nos últimos cinco anos e, com exceção do exercício de resistência para hipertrofia muscular, nenhum outro esporte ou tipo de exercício mais de uma vez por semana.

Foi criado, ainda, um grupo de pessoas que não realizaram nenhum esporte regular ou exercício nos últimos cinco anos. À época do estudo, elas realizavam menos de 150 minutos de atividade moderada por semana, algo que não ultrapassasse 15 minutos de esforço. Um total de 79 participantes foram incluídos no estudo. Todos os detalhes foram avaliados para que não restasse dúvida quanto a saúde das estruturas dos discos e, assim, não interferisse no resultado.

“O estudo evidencia que pessoas que realizam atividade regular de corrida apresentam melhor qualidade tecidual do disco intervertebral, do que pessoas saudáveis ​​sem histórico de doença espinhal, mas não fisicamente ativas”, avalia o médico.

Ou seja: para a surpresa de muitos, o exercício de corrida impacta positivamente o fortalecimento do disco intervertebral. “A principal descoberta foi que corredores de média e longa distância mostraram melhor hidratação nos discos do que os indivíduos não atléticos. Embora o grupo de corrida de longa distância mostrou propriedades consistentemente melhores do que o grupo que realizou corrida leve, não houve diferenças estatisticamente significantes entre os dois”, emenda o expert.

Aliada da coluna

Com isso, podemos concluir que o exercício de corrida é um grande aliado para prevenir problemas futuros na coluna vertebral.

A título de informação, a maior degeneração da coluna ocorre na região lombar. Apesar do esforço / impacto gerado na coluna durante a corrida, os grupos de exercícios do estudo atual não mostraram efeitos prejudiciais na região.

Exercício físico com orientação adequada é essencial para a saúde física, mental, prevenção de doenças e fortalecimento da coluna. Sua dor nessa região pode estar associada a falta de exercícios! Busque ajuda de um especialista e viva com qualidade.