Traffic Drivers: como traficante milionário montou rede de transporte
O esquema envolvia a coordenação e realização de entregas sob demanda de drogas, com uma estrutura eficiente e sofisticada de logística
atualizado
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A Operação Siderado, deflagrada pela Polícia Federal no fim do ano passado, revelou detalhes sobre um esquema criminoso que movimentou mais de R$ 2 bilhões em dois anos. Entre as descobertas, chamou a atenção o uso de uma rede de “traffic drivers” (motoristas do tráfico), indivíduos que atuavam de maneira semelhante a motoristas de transporte por aplicativo. O esquema envolvia a coordenação e realização de entregas sob demanda de drogas, com uma estrutura sofisticada de logística.
As investigações apontaram que os condutores não eram simples intermediários esporádicos, mas colaboradores fixos, muitas vezes com vínculo constante com os líderes da facção. A relação entre eles e a liderança da organização, representada por indivíduos como Ailton José da Silva, o Calcinha, era pautada em confiança mútua.
Em conversas interceptadas, ficou claro que esses entregadores integravam uma rede bem estruturada. Eles operavam de forma regular, com subordinação aos líderes. Essa estrutura permitia que o tráfico de drogas fosse realizado com eficiência.
Função
Os motoristas eram responsáveis por realizar o transporte de drogas para os diversos pontos de distribuição. Sua função estava intrinsecamente ligada à cadeia de suprimentos da organização criminosa, em um sistema de entregas sob demanda que lembrava o funcionamento de um aplicativo de transporte.
Assim como no modelo de empresas de transporte que atuam internacionalmente, esses entregadores recebiam ordens para ir a determinados locais e realizar a entrega de drogas, cumprindo horários e coordenando suas rotas através de instruções precisas, geralmente por telefone ou mensagens. Além disso, alguns também atuavam como laranjas para a lavagem de dinheiro.
O pagamento pelos serviços prestados por eles era geralmente feito em dinheiro ou através de transferências bancárias. Além do transporte de drogas, alguns dos condutores também estavam envolvidos no tráfico de armas, transportadas em conjunto com a droga.
Operação Siderado
A operação, que envolveu investigações que começaram em 2023, desarticulou uma rede de tráfico internacional, com ramificações no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Amazonas, Bahia e em outros estados.
O esquema criminoso, que movimentava grandes quantidades de dinheiro e possuía uma rede de empresas de fachada para lavar os lucros, foi desmantelado com a prisão de 19 pessoas, além do cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão.