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Provas trituradas e apreensão de lixo. Os bastidores da Overclean

Os investigados empregaram três máquinas trituradoras trabalhando ininterruptamente para eliminar documentos estratégicos para investigação

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A Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal (PF), expôs não apenas um esquema bilionário de corrupção envolvendo fraudes em licitações e desvio de recursos públicos, mas também revelou as ousadas estratégias dos investigados para embaraçar as investigações, que vão desde triturar documentos até vazar informações sigilosas.

Uma das primeiras ações do grupo criminoso após a deflagração da operação, em dezembro do ano passado, foi a destruição em massa de documentos físicos e digitais. Sob ordens diretas do líder Alex Parente, os investigados empregaram três máquinas trituradoras trabalhando ininterruptamente para eliminar carimbos de empresas, cotações impressas e propostas de contratos fraudulentos. O material foi apreendido pela PF e sacos de lixo (foto em destaque).

Além disso, foram identificados esforços coordenados para apagar registros digitais. Mensagens em aplicativos como WhatsApp foram deletadas, celulares formatados e computadores substituídos. Inclusive, a troca frequente de celulares por parte dos investigados também foi uma prática comum, visando sempre dificultar as interceptações telefônicas feitas pela polícia.

Uma das estratégias mais graves, contudo, foi o vazamento de informações sigilosas. Rogério Magno Almeida Medeiros, agente da própria Polícia Federal, foi identificado como informante do grupo. Ele repassava detalhes sobre operações policiais, incluindo mandados de busca e apreensão, e alertava sobre os movimentos da corporação.

Esse vazamento permitiu que a organização antecipasse suas ações, destruísse provas e ajustasse suas estratégias. Um dos episódios mais emblemáticos ocorreu após a quadrilha receber informações sobre apreensões em Brasília. Imediatamente, os investigados organizaram uma “limpeza” em setores de suas empresas para eliminar qualquer material comprometedor.

Interceptações telefônicas revelaram conversas entre Alex Parente e seus comparsas sobre a necessidade de eliminar qualquer vínculo que pudesse incriminá-los.

Em uma delas, Alex afirmou: “Tem que triturar tudo. Não pode sobrar nada.” Alex também alertava seus aliados sobre a comparação com a Operação Lava Jato, dizendo que “uma ponta solta poderia levar à queda de todo o esquema.” A execução dessa ordem incluiu a organização de mutirões de destruição de provas nos finais de semana.


Ameaças

A organização criminosa também utilizou sua influência para intimidar potenciais testemunhas. Servidores públicos e empresários foram pressionados a não colaborar com as investigações. Em alguns casos, indivíduos próximos aos investigados relataram ameaças veladas para evitar depoimentos que pudessem comprometer os líderes do esquema.

Quem é quem:

Alex Rezende Parente: líder estratégico da organização, Alex era o responsável por planejar ações e coordenar o grupo. Ele também organizava pagamentos de propinas e instruía seus subordinados na destruição de provas.

Fábio Rezende Parente: executor financeiro, Fábio administrava as transações ilícitas, movimentando valores por meio de empresas fantasmas e contas de terceiros.

Rogério Magno Almeida Medeiros: agente da Polícia Federal e informante do grupo, Rogério vazava informações cruciais sobre as operações, comprometendo a eficácia da investigação.

Geraldo Guedes de Santana Filho: funcionário direto de Alex, Geraldo era encarregado de tarefas operacionais, como organizar documentos e gerenciar os pagamentos ilícitos.

Iuri dos Santos Bezerra: atuava na destruição de provas e na coordenação de “limpezas” em setores investigados.

Durante as investigações, a Justiça chegou a determinar a prisão preventiva de vários investigados, incluindo Alex, Fábio Parente e Rogério Magno. Além do bloqueio de R$ 162,4 milhões em bens e o afastamento de servidores públicos envolvidos no esquema.

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