Polícia investiga fraude e lavagem de dinheiro por coronel da PMDF
O coronel teria recebido transferências de policiais subordinados e de empresas contratadas por entidades
atualizado
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Jorge Eduardo Naime Barreto (foto em destaque), coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e sua esposa, Mariana Fiúza Taveira Adorno, são investigados pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor/PCDF). O casal é suspeito de envolvimento em estelionato, lavagem de dinheiro e desvio de recursos, utilizando empresas e transferências financeiras suspeitas para, supostamente, beneficiar-se ilegalmente.
Os primeiros indícios vieram à tona durante as investigações da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Quebras de sigilos bancários revelaram movimentações financeiras atípicas envolvendo Naime, sua esposa e outros aliados. O coronel teria recebido transferências de policiais subordinados e de empresas contratadas por entidades, como a Associação dos Oficiais da Polícia Militar (Asof), enquanto presidida por ele.
Um dos principais esquemas investigados é a contratação possivelmente simulada da empresa Pico Serviços de Comunicação e Representação Comercial Ltda., administrada por Sérgio Barbosa de Assis, sócio de Mariana Adorno em outras empresas. Segundo os investigadores, os pagamentos feitos pela Asof à Pico Serviços retornavam, descontados os tributos, diretamente a Naime e Mariana, o que configura desvio de recursos.
Além disso, a empresa H&F Vigilância e Segurança Ltda., ligada a parentes de Mariana, teria transferido mais de R$ 42 mil para Naime entre 2022 e 2023. As justificativas apresentadas incluem o tratamento do filho do casal, que tem hidrocefalia e necessita de cuidados médicos constantes. No entanto, a recorrência e os valores elevados dos repasses levantaram suspeitas.
A H&F transferiu R$ 15.635,88 para Naime ao longo de cinco meses, com repasses mensais de R$ 3 mil e um adicional de R$ 635,88 em dezembro de 2022.
Fraude
Identificou-se um esquema de desvio de recursos, por meio da contratação da Pico Serviços, durante a gestão de Naime como presidente da Asof. Documentos mostram que a empresa recebia pagamentos da associação, que eram repassados ao casal Naime-Adorno após dedução de impostos.
Empresas associadas a Mariana Adorno, como a Monumental Serviços de Segurança Patrimonial Ltda., também estão sob investigação. Apesar de registros societários, as operações dessas empresas são descritas como inexistentes ou incompatíveis com os valores movimentados.
O outro lado
O coronel Leonardo Moraes, presidente da Asof, informou que a associação foi questionada sobre o fato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Corregedoria da PMDF, que também tem um inquérito aberto sobre o caso. “Nas nossas contas, aparece o pagamento regular do contrato com a Pico e os serviços foram prestados de acordo com a previsão contratual. Ao assumir, abrimos auditoria para verificar as contas da Asof e não foi encontrada nenhuma evidência de desvio de recursos”, afirmou.
A defesa de Jorge Eduardo Naime e Mariana Adorno Naime destacou que ambos sempre mantiveram uma conduta ética irrepreensível, sem qualquer indício de irregularidades em suas atuações. Eles reafirmaram confiança nas instituições e no devido processo legal. Mariana Adorno Naime informou, ainda, que permanece à disposição das autoridades competentes. A nota ressalta que nenhum dos dois teve conhecimento ou foi informado sobre qualquer investigação em andamento relacionada ao caso.