Motorista de investigado por corrupção milionária furtou propina
Amon foi encarregado de transportar R$ 30 mil em um carro, supostamente para entregar o dinheiro numa secretaria do governo do Tocantins
atualizado
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Na vasta teia de corrupção desvendada pela Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal, um episódio peculiar se destacou: o furto de R$ 30 mil em propinas, supostamente cometido por Amon, motorista de Alex Parente, líder do esquema criminoso.
Amon era responsável por transportar dinheiro em espécie destinado ao pagamento de propinas. O modus operandi era claro: valores retirados de empresas ligadas à organização criminosa eram entregues a agentes públicos em diferentes estados. Para manter o fluxo, motoristas como Amon desempenhavam papel fundamental na logística.
Em setembro de 2024, Amon foi encarregado de transportar R$ 30 mil em um carro, supostamente para entregar o montante em uma secretaria do governo do Tocantins. No entanto, Alex Parente, ao chegar ao destino, percebeu que o dinheiro havia desaparecido.
Amon alegou que o dinheiro sumiu enquanto calibrava os pneus em um posto de gasolina. Desconfiado, Alex decidiu conferir as câmeras de segurança do local. As imagens confirmaram que Amon mentiu. Segundo Alex, o motorista teria usado o momento em que ele estava ausente para retirar o dinheiro escondido sob o carpete do carro, próximo ao compartimento do estepe.
As desconfianças de Alex não eram novas. Em diálogos interceptados pela Polícia Federal, ele revelou a seu comparsa apelidado de Bolo, piloto de avião do esquema, que Amon já havia se envolvido em outro incidente de desaparecimento de dinheiro, dessa vez em parceria com um indivíduo chamado Daniel.
• Alex: “Ele foi cagado de sorte! Quando eu voltei pro carro, ele estava fingindo mexer na mala com uma chave de fenda. Fiquei cismado, mas segui o jogo.”
• Bolo: “Mentira! Ele foi mexer na mala com você ali?”
• Alex: “Foi. E ainda me disse que tinha ido calibrar o pneu. Fui conferir na borracharia, e as câmeras mostram que ele nunca passou por lá!”
•Alex: “Falei pra ele devolver o dinheiro, mas ele com aquela cara de São Tomé: ‘Eu? Nunca faria isso!’ Ladrão descarado!”
• Bolo: “Rapaz, isso é fogo! Roubou e ainda nega. Que doideira!”
Solução improvisada
Inconformado, Alex tomou a iniciativa de rastrear os passos de Amon, pedindo sua localização. Durante a conversa com Bolo, Alex sugeriu que o dinheiro poderia ter sido escondido na casa de um contato conhecido como Robinho. Embora pressionado, Amon nunca confessou o furto.
Além disso, Alex precisou administrar os impactos do desaparecimento da propina. Em outro diálogo com Bolo, ele relatou que teve de justificar o ocorrido para Rogério, um dos possíveis destinatários do dinheiro:
• Alex: “Expliquei o que aconteceu, mas sem entrar em detalhes. Falei que foi um problema de transporte. Não dava pra falar que Amon roubou!”
Operação Overclean
A Operação Overclean visa desarticular organização criminosa suspeita de envolvimento em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com a PF, durante o período investigado, o grupo teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024.