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Caminho do dinheiro: como quadrilha movimentou R$ 1,4 bi em emendas

Entre os alvos da Operação Overclean estão políticos, empresários e servidores públicos

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1 de 1 imagem colorida de dinheiro e pix - Foto: Luh Fiuza/Metrópoles

A Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a Receita Federal, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), desvendou um esquema complexo de corrupção que movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão com fraudes em licitações, superfaturamento de obras e lavagem de dinheiro.

O esquema utilizava emendas parlamentares e convênios para alimentar uma rede criminosa que se espalhou por diversos estados brasileiros. Entre os alvos da Operação Overclean estão políticos, empresários e servidores públicos.

A fortuna tinha origem em contratos fraudulentos firmados entre empresas do grupo criminoso, como Allpha Pavimentações, Larclean Saúde Ambiental e outras firmas de fachada, com órgãos públicos. Esses contratos eram garantidos por emendas parlamentares e convênios direcionados a municípios e estados, muitas vezes com a cooptação de servidores públicos para viabilizar o esquema.

As licitações eram manipuladas para favorecer empresas previamente selecionadas. Os editais eram elaborados com critérios que eliminavam concorrentes legítimos, assegurando que apenas as empresas ligadas ao grupo fossem contratadas. Assim, contratos superfaturados ou fictícios eram celebrados, garantindo o fluxo de recursos públicos para a quadrilha.

Os contratos frequentemente incluíam serviços não realizados ou realizados de forma precária. Além disso, valores eram inflacionados por meio de medições adulteradas, inclusão de itens desnecessários e aditivos contratuais fictícios.

O dinheiro desviado seguia um caminho intricado, projetado para ocultar sua origem ilícita e dificultar a fiscalização. Abaixo, os principais métodos utilizados:

Empresas de fachada e “laranjas”: parte dos recursos era transferida para empresas de fachada criadas especificamente para o esquema. Essas empresas simulavam a prestação de serviços ou fornecimento de bens inexistentes, justificando a movimentação financeira. Contas bancárias em nome de “laranjas” também eram utilizadas para movimentar grandes volumes de dinheiro. Algumas das empresas identificadas pela PF são: Bra Teles, FAP Participações e MM Limpeza Urbana.

Movimentação via PIX e transferências bancárias: as empresas de fachada realizavam transferências eletrônicas rápidas, incluindo operações via PIX, para pulverizar os valores entre diferentes contas. Essas transações eram utilizadas tanto para pagamentos de propina a servidores públicos quanto para movimentação entre empresas do grupo, dificultando o rastreamento.

Movimentação em espécie: uma grande parte do dinheiro era convertida em espécie, utilizando empresas especializadas em movimentação de valores. Após o pagamento de uma taxa de serviço, os montantes em dinheiro vivo eram entregues diretamente aos beneficiários do esquema, como agentes públicos corruptos e operadores regionais.

Lavagem de dinheiro por meio de simulação de serviços: as empresas simulavam serviços fictícios, como pavimentação e limpeza urbana, para justificar a entrada e saída de dinheiro nas contas do grupo. Esses serviços eram registrados em documentos falsificados, criando uma aparência de legalidade.

Aquisição de bens de alto valor: parte dos recursos desviados foi utilizada para adquirir bens de luxo, como imóveis de alto padrão, aeronaves, barcos e veículos. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 162,3 milhões em bens relacionados aos investigados.

Principais operadores

O núcleo central do esquema era liderado por Alex Rezende Parente, que coordenava a execução das fraudes e organizava o pagamento de propinas. Ele contava com o suporte de seu irmão Fábio Rezende Parente, que movimentava os recursos por meio de contas de empresas fantasmas, e de José Marcos de Moura, o Rei do Lixo, responsável por articular contratos fraudulentos junto a agentes políticos.

 

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