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Trump escolheu o vice perfeito: um homem sem convicções

Trump escolheu para vice quem já o comparou a Hitler e o chamou de “idiota”. Mas J.D. Vance se converteu e pode ser o seu continuador

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J.D. Vance, senador escolhido para ser vice de Donald Trump na chapa que disputa a Casa Branca -- Metrópoles
1 de 1 J.D. Vance, senador escolhido para ser vice de Donald Trump na chapa que disputa a Casa Branca -- Metrópoles - Foto: Drew Angerer/Getty Images

Donald Trump escolheu um senador para ser vice na sua chapa que já o comparou a Hitler e o chamou de “idiota”. Mas J.D. Vance se converteu completamente e, agora, é apontado até como o possível continuador do trumpismo. Aos 39 anos, a sua longevidade na política americana é uma garantia.

Na religião e na política, os recém-convertidos são os mais fanáticos, assim como os ex-integrantes de uma igreja ou de um partido se tornam os seus maiores críticos. Lula, por exemplo, já disse que os seus piores adversários eram ex-petistas.

Eu não compraria um carro usado de J.D. Vance, mas isso já deixou há muito tempo de ser critério de escolha para eleitores de latitudes americanas e brasileiras, cada vez mais próximos entre si. Veja-se Donald Trump. Veja-se Joe Biden. Veja-se Jair Bolsonaro. Veja-se Lula. De lado ou de outro, ganha sempre o me-engana-que-eu-gosto.

Caso Donald Trump venha a vencer a eleição à Casa Branca, imagina-se que os Estados Unidos deverão ter um vice-presidente quase tão boquirroto quanto o chefe dele. 

Os primeiros a sentir os perdigotos de J.D. Vance devem ser os aliados europeus. Para ele, a Alemanha é um país “idiota” (ele gosta do adjetivo) e o Reino Unido talvez seja “islamista”. A União Europeia, por sua vez, “quer impor a sua visão liberal-imperialista ao resto do continente”, e isso está demonstrado na relação com a Hungria de Viktor Orbán.  Assim como Donald Trump, o sujeito é um isolacionista que acha que os Estados Unidos são otários de pagar a parte do leão com a defesa da Europa (não está totalmente errado, visto que os europeus não aumentaram como deveriam os seus orçamentos de Defesa).

Ele também quer que os americanos parem de bancar Kiev contra Moscou.  Assim como Donald Trump (e Lula), o vice na chapa de Donald Trump quer uma paz a qualquer preço na Guerra da Ucrânia. Ou seja, os ucranianos renunciam ao território invadido pela Rússia, em troca apenas da esperança de que Vladimir Putin nunca mais tente apagar o seu país do mapa. Isso não é paz, mas capitulação.

J.D. Vance toca a balalaica bem ao gosto do ditador russo, embora figure entre 50 parlamentares americanos que estão proibidos de entrar na Rússia, desde maio de 2023, em retaliação às sanções impostas a Moscou. 

Ele faz parte da lista porque, pouco antes da invasão russa, chamou Vladimir Putin de “homem mau”. Moscou não levou em conta que, ao mesmo tempo, J.D. Vance acusou o governo ucraniano de ser “corrupto”.

Se Donald Trump deixou de ser “Hitler” e “idiota”, Vladimir Putin tem enorme chance de não ser mais um “homem mau” aos olhos de J.D. Vance. Já a Ucrânia de Volodymyr Zelenski não deve esperar tamanha ductilidade. Há limites para a falta de convicções. Donald Trump escolheu o vice perfeito.

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