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Sergio Moro e o 1º de abril travestido de Estado de Direito

Não poderia ser mais emblemática a data do início do julgamento da cassação de Sergio Moro: o 1º de abril, dia da mentira

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Roque de Sá/Agência Senado
Sergio Moro usa o computador durante participação em comissão do Senado -- Metrópoles
1 de 1 Sergio Moro usa o computador durante participação em comissão do Senado -- Metrópoles - Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Não poderia ser mais emblemática a data do início do julgamento da cassação de Sergio Moro no TRE do Paraná — o 1º de abril, dia da mentira.

PT e PL uniram-se no ineditismo de acusar o senador de abuso de poder econômico na pré-campanha para a presidência da República, quando ele era do Podemos . A candidatura não foi adiante, Sergio Moro foi para a União Brasil, tentou se lançar como deputado federal por São Paulo, a Justiça Eleitoral barrou a mudança de domicílio eleitoral, e ele terminou se candidatando ao Senado pelo seu estado natal.

O partido de Lula e o partido de Jair Bolsonaro afirmam que os gastos e todo o aparato da pré-candidatura ao Planalto foram “desproporcionais” e deram a Sergio Moro uma vantagem decisiva para ser eleito senador. Somam o dinheiro gasto no fracasso com o dinheiro gasto na vitória para dizer que o total supera o teto previsto pela legislação. 

É francamente ridículo. O que se está fazendo é culpar Sergio Moro porque o Podemos abalroou a sua tentativa de chegar à presidência da República e, de certa forma, porque a Justiça Eleitoral vetou a sua mudança de domicílio para São Paulo. 

A realidade é que Sergio Moro teria sido eleito senador pelo Paraná se tivesse passado metade da campanha deitado no sofá maratonando uma série de streaming. Era o ex-juiz da Lava Jato concorrendo pela República de Curitiba. A conversa do PT e do PL só não é mole porque o Brasil está nas mãos de gente que não tem limites.

Se a candidatura de Sergio Moro for mesmo cassada, haverá uma eleição suplementar para o seu cargo. Entre os eventuais candidatos, estão Gleisi Hoffmann, Zeca Dirceu, Roberto Requião e Michelle Bolsonaro. Eu escrevo e parece piada. Rosângela Moro, hoje deputada, poderia concorrer também para a vaga do do marido, mas o PT quer impedi-la de mudar o domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná. Claro.

Ninguém sabe qual será o resultado no TRE do Paraná, mas todo mundo prevê que, quando o caso for para o TSE, o senador sofrerá uma derrota. As cartas estariam tão marcadas que nem haveria jogo. 

Desde a ditadura militar, o verbo cassar nunca esteve tão presente no noticiário, seja como possibilidade ou como fato. É um espanto. Cassar uma candidatura ou um mandato significa cassar também —ou principalmente — os votos de milhares de eleitores. 

No caso de Sergio Moro, poderão ser cassados mais de 1,9 milhão de votos. No de Deltan Dallagnol, que perdeu o mandato de deputado federal, foram 344 mil. A cassação e a consequente inelegibilidade durante oito anos são parte da caçada aos protagonistas da Lava Jato por inimigos vingativos e inescrupulosos, embora queira se dar ares de legalidade a tal infâmia. É o 1º de abril travestido de Estado de Direito.

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