Se houvesse vacina contra burrice, Bolsonaro fraudaria o certificado
Não consigo pensar em nada mais ridículo do que Jair Bolsonaro pedindo ao seu ajudante de ordens para falsificar certificado de vacinação
atualizado
Compartilhar notícia
Não consigo pensar em nada mais ridículo do que um presidente da República pedindo ao seu ajudante de ordens para falsificar certificado de vacinação contra a Covid.
Se a convicção contra a segurança da vacina era tanta, se o medo de virar jacaré era real, Jair Bolsonaro deveria ter renunciado a viajar aos Estados Unidos. As nossas escolhas têm consequências e pronto.
Jair Bolsonaro acreditava que a fraude permaneceria em segredo. Outra estupidez. O sujeito vivia sabotando todas as medidas sanitárias contra a Covid, fazia campanha aberta contra a vacinação, vivia às turras com o Poder Judiciário, Alexandre de Moraes já estava tocando inquéritos sigilosos — como é que ele abriu um flanco desses?
Nunca houve um presidente que se enrolasse tanto sozinho como Jair Bolsonaro. E, pelo jeito, só havia patetas obedientes ao lado dele. Ninguém para dizer: “ô, chefia, não faz isso, não…”
Comparado aos outros imbróglios, esse parece ser de menor dano, mas não é: a PF indiciou o ex-presidente por associação criminosa (outros 16 Einsteins foram indiciados) e inserção de dados falsos em sistema de informação. Dá cana brava. Não, não tem nada a ver com aquela palhaçada da perturbação a baleia.
Jair Bolsonaro supostamente usou os documentos falsos para enganar a imigração americana. Fosse um cidadão comum, não entraria nunca mais nos Estados Unidos. Talvez não entre mais. E ele ainda pode ser condenado à prisão pela Justiça americana. A defesa do ex-presidente disse que, por ter passaporte diplomático, Jair Bolsonaro não tinha necessidade de certificado de vacinação nenhum para ingressar nos Estados Unidos. Mas para se locomover livremente em território americano talvez ele precisasse. Ou para voltar ao Brasil.
É uma história que só existe porque o ex-presidente gosta de viver no limite da autodestruição. Deveria existir vacina contra a burrice. Se existisse, porém, Jair Bolsonaro não se vacinaria e mandaria falsificar o certificado.