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Rebeca Andrade é magnífica como ginasta e como imagem de vitória

Rebeca Andrade não se lamenta das dificuldades por que passou para chegar ao pódio olímpico. Ela ri, sorri, comemora. É campeão também nisso

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Jamie Squire/Getty Images
Rebeca Andrade da Seleção Brasil comemora a conquista da medalha de ouro após competir na final do exercício de solo feminino de Ginástica Artística no décimo dia dos Jogos Olímpicos Paris 2024 na Bercy Arena em 05 de agosto de 2024 em Paris, França
1 de 1 Rebeca Andrade da Seleção Brasil comemora a conquista da medalha de ouro após competir na final do exercício de solo feminino de Ginástica Artística no décimo dia dos Jogos Olímpicos Paris 2024 na Bercy Arena em 05 de agosto de 2024 em Paris, França - Foto: Jamie Squire/Getty Images

Rebeca Andrade é magnífica como ginasta e como imagem de vitória. Ela não se lamenta das dificuldades por que passou para chegar ao pódio olímpico como a maior medalhista brasileira. Rebeca Andrade ri, sorri, comemora.

É um exemplo para todos os brasileiros, atletas e não atletas. Temos essa imagem de povo alegre e feliz, mas a tristeza habita a alma nacional e aflora também nos momentos vitoriosos, como se importasse mais relembrar o sofrimento do que comemorar a superação, as exceções confirmando a regra.

Eu estava na entrevista coletiva do nadador César Cielo, em Pequim, quando ele venceu a prova olímpica dos 50 metros nado livre. Ele se debulhava em lágrimas, entre os franceses prata e bronze que o olhavam com espanto e que ficaram sem entender por que ele chorava tanto depois de ganhar ouro. César Cielo, que merece todas as homenagens, merecia igualmente alegria no seu momento de glória.

No clássico Retrato do Brasil, Paulo Prado apontou a tristeza como um dos traços nacionais, ao lado da cobiça e da lúxuria. “Luxúria, cobiça: melancolia. Nos povos, como nos indivíduos, é a sequência de um quadro de psicopatia: abatimento físico e moral, fadiga, insensibilidade, abulia, tristeza. Por sua vez, a tristeza, pelo retardamento das funções vitais, traz o enfraquecimento e altera a oxidação das células, produzindo nova agravação do mal com o seu cortejo de agitações, lamúrias e convulsões violentas”, escreveu Paulo Prado.

Rebeca Andrade escapou dessa maldição histórica. Ela não chora. Ri, sorri, comemora. É campeã também nisso. Vamos parar de chorar, brasileiros. Jornalistas gostam de gente que chora, não importa a situação, porque acham que dá mais audiência priorizar o sacrifício. Chega de dar audiência à tristeza.

Se as dificuldades são incontáveis no Brasil, boa parte delas se deve a nós mesmos, a nossas péssimas escolhas. Não choremos, reajamos, vençamos. E vamos comemorar as nossas vitórias do jeito que deve ser, como faz Rebeca Andrade, a Magnífica.

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