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Racismo na escola Vera Cruz: expulsão de agressoras é medida educativa

A expulsão é medida necessária e eficaz a ser aplicada em alunos abertamente racistas. Ela não exclui outras ações educativas antirracistas

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Samara Felippo no Fantástico - Metrópoles
1 de 1 Samara Felippo no Fantástico - Metrópoles - Foto: Reprodução/Globo

O caso de racismo na escola Vera Cruz, em São Paulo, envolvendo a filha da atriz Samara Felippo, não é episódio isolado nos estabelecimentos de ensino da elite paulistana. Recentemente, noticiei um ato de antissemitismo em outra escola, a Beacon School, e tenho notícia de que demonstrações racistas são recorrentes nesse universo.

Como os alunos não foram expulsos em ambos os episódios, houve apenas suspensão, instalou-se a discussão nas redes sociais entre os que defendiam a medida drástica, que não foi tomada pelas escolas, e os que argumentavam que a expulsão deveria ser substituída por medidas educativas contra o preconceito — o caminho seguido pela direção de ambos os colégios.

É uma falsa discussão, porque não existe oposição entre uma coisa e outra. A expulsão deveria ter ocorrido não só como punição, mas também como medida educativa tanto em relação aos jovens perpetradores como aos seus colegas. A expulsão não exclui que iniciativas pedagógicas brandas sejam tomadas.

Sem punição exemplar — o adjetivo já diz tudo —, não há educação possível contra o racismo. No que se refere ao Vera Cruz, a escola já mantinha no seu currículo um projeto antirracista — que não foi suficiente para evitar o episódio lamentável com a filha da atriz.

Uma das justificativas para não punir com a expulsão é que os adolescentes ficariam marcados para sempre. Quem ficará marcado para sempre são as vítimas igualmente adolescentes. Consta que os pais de uma das alunas agressoras do Vera Cruz tiraram espontaneamente a sua filha da escola. Tomaram a atitude correta, até por concluir, ao que parece, que o estigma seria mais forte se ela permanecesse no mesmo ambiente escolar.

Há de se acrescentar que racismo é crime previsto no Código Penal. No limite, ao não punir exemplarmente alunos racistas, as escolas podem ser acusadas de abrigar criminosos. 

No aspecto geral, todos esses episódios são frutos da falta de boas escolas públicas para todos. Em países nos quais o sistema público atende às diversas camadas sociais de maneira satisfatória, a maioria de pobres, ricos, negros e brancos aprende a conviver desde cedo. 

A convivência em escolas públicas não é garantia de que os preconceitos deixarão de existir, mas é uma boa forma de diminuir a probabilidade de eles se manifestarem. Nas escolas privadas brasileiras, os alunos pobres ou simplesmente negros continuam a ser a exceção da exceção — e são percebidos e se percebem como tal em um ambiente no qual o máximo que se pode esperar, infelizmente, é que a hipocrisia seja a homenagem que o vício presta à virtude. 

Diante desse quadro funesto, a expulsão é uma medida educativa necessária e eficaz a ser aplicada em alunos abertamente racistas. Racismo é crime, não importa a idade, e crimes merecem castigo à altura. Todos aprenderiam a lição.

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