A demissão de Jean Paul Prates (tenho de me segurar para não colocar hífen no nome francês) foi mais cruel do que o habitual. De acordo com o relato do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, Lula demitiu o presidente da Petrobras na presença dos seus dois algozes, os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Silveira, das Minas e Energia.

O demitido vai assimilar a mágoa. Como petista, ele voltará correndo para os braços do chefão do partido. É um padrão do culto à personalidade. Possivelmente, até Trotsky ainda nutria uma admiração secreta por Stalin quando foi morto a mando do ditador soviético. Não estou comparando Lula a Stalin, estou só sendo hiperbólico na ilustração didática.

No lugar de Jean Paul Prates, Lula colocou uma pau mandado que fará tudo o que seu mestre mandar na presidência da Petrobras: manter os preços dos combustíveis defasados, no seu populismo de posto de gasolina, e torrar dinheiro na retoma da construção de refinarias que não atendem aos melhores interesses dos acionistas e que já entraram para a longa história da corrupção brasileira.

A Folha de S.Paulo aproveitou o ensejo para publicar um editorial intitulado Programa econômico de Lula é o atraso. 

Para se ter ideia da virulência, o jornal inicia os trabalhos dizendo que a “demissão de Prates na Petrobras mostra presidente empenhado em repetir o que deu errado nas gestões petistas anteriores” e que o sujeito foi defenestrado porque “não cumpriu, com a velocidade e a fidelidade canina exigidas pelo mandatário, a missão de submeter a estatal aos comandos do bestiário ideológico petista”.

Este colunista vem dizendo o mesmo há algum tempo, sem que haja nisso originalidade. As tentativas de destruição dos pilares econômicos promovida por Lula e o seu partido salta aos olhos como um canguru. Acho até que classificar a coisa como “programa econômico” é otimismo.

Lula não tem programa econômico nenhum. O que existe é uma amontoado de dejetos do populismo misturados a perdigotos do nacionalismo e flatulências do terceiro-mundismo.

Agora, até apoiadores da burguesia de centro-esquerda chiam, deixando o discreto charme para lá. Não adianta chiar. A tranqueira segue até 2026, pelo menos. Democracia também é isto: aguentar a barra, tentando limitar ao máximo a liberdade de ação do inquilino do Planalto. Que se controle Lula como controlaram Jair Bolsonaro em outras searas.