metropoles.com

PL das Fake News no zero? Vamos de censura preventiva. Toma, Musk

O episódio envolvendo Musk e Moraes teve um aspecto positivo: PL das Fake News vai para a estaca zero. Mas o Judiciário que legisla agirá

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Presidente da Câmara Arthur Lira durante pronunciamento -- Metrópoles
1 de 1 Presidente da Câmara Arthur Lira durante pronunciamento -- Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A troca de gentilezas entre Elon Musk, dono da rede social X, e o ministro Alexandre de Moraes, dono dos infindáveis inquéritos sigilosos que correm há anos no STF, e que agora incluem o bilionário como investigado, teve um resultado positivo: o PL das Fake News, que passou no Senado, voltou à estaca zero na Câmara.

O inferno legal brasileiro está cheio de boas intenções, e esse PL seria mais um. A pretexto de combate às fake news e à desinformação (adoro essa palavra por me sentir bastante desinformado com o jornalismo brasileiro), o projeto fere a privacidade dos usuários das redes sociais, abre brecha para que contas de cidadãos reais sejam consideradas robôs e, ainda mais grave, induz as big techs a exercer o papel de censoras de conteúdo.

Desde o primeiro mandato de Lula, o PT e os seus satélites tentam “regular” a mídia (eles chamam a imprensa dessa forma). “Regular” é um eufemismo para “amordaçar” e “censurar”.

O caminho para o bote, que vinha sendo neutralizado, reabriu-se com o espraiamento das redes sociais por todos os aspectos da vida e o surgimento do bolsonarismo, que as utilizou intensamente para espalhar mentiras e emporcalhar a reputação alheia, elevando ao estado de arte a iniciativa petista com os blogs sujos, no começo dos anos 2000.

A estrovenga passou um pouco desidratada pelo Senado comandado por Rodrigo Pacheco e estava parado na Câmara chefiada por Arthur Lira, onde sofria grande resistência da direita. 

O episódio de Elon Musk, que desnudou a ameaça à liberdade de expressão no Brasil, levou o presidente da Câmara a decidir que o PL será refeito por um grupo de trabalho a ser formado por parlamentares do inteiro espectro ideológico, sem prazo para terminar a sua tarefa de elaborar outro mais palatável.

O dado irônico é que o PT e os seus satélites queriam aproveitar a oportunidade para votar na correria o PL aprovado pelo Senado. Ocorreu o contrário. Mas eles não precisam se preocupar: o STF deverá vir em socorro dos liberticidas.

Em breve, vai ser colocada em julgamento uma ação que pretende ampliar a responsabilização das plataformas digitais sobre conteúdos considerados ilícitos, mesmo quando não há ordem judicial para retirá-los do ar. Como ilícito será tudo aquilo que as plataformas julgarem arriscado para elas próprias, será criada a censura preventiva no Brasil. Mais um oferecimento do Judiciário que legisla. Toma essa, Elon Musk.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comMario Sabino

Você quer ficar por dentro da coluna Mario Sabino e receber notificações em tempo real?