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PL da Anistia: Lula e Jair Bolsonaro foram feitos um para o outro

A manobra de Lira que jogou a PL da Anistia para as calendas pode levar a que Bolsonaro dispute com Lula, em 2026. Um sonho para o petista

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Lula e Bolsonaro, candidatos à presidência, em debate promovido pela TV Bandeirantes no segundo turno das eleições. Na foto, Bolsonaro aparece atrás de Lula ouvindo o ex-presidente falar e gesticular em resposta a pergunta - Metrópoles
1 de 1 Lula e Bolsonaro, candidatos à presidência, em debate promovido pela TV Bandeirantes no segundo turno das eleições. Na foto, Bolsonaro aparece atrás de Lula ouvindo o ex-presidente falar e gesticular em resposta a pergunta - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Arthur Lira tirou o projeto de lei que anistia os implicados no 8 de janeiro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que o votaria nesta semana, e criou uma Comissão Especial para discutir o troço. Com isso, adiou a votação sobre o assunto para as calendas de 2025 ou até o início de 2026. Jair Bolsonaro e PT apoiaram a decisão por motivos aparentemente opostos.

O pretexto de Lira é que o projeto de lei estava sendo usado irresponsavelmente como moeda de troca por apoios aos nomes que disputam a sua sucessão na presidência da Câmara. É uma verdade parcial. A verdade inteira é que o cenário político em data mais próxima à eleição presidencial determinará o caminho a ser seguido pelos deputados.

Jair Bolsonaro, que está para ser indiciado pela PF no inquérito que investiga a “tentativa de golpe”, acredita que haverá condição para o seu nome ser incluído entre os anistiados e limpar a sua ficha de uma vez. Com isso, ele se livrará da inelegibilidade e será candidato a presidente, em 2026. Ele se preocupa muito mais com si próprio do que c0m os presos do 8 de janeiro, apesar do apelo cínico ao coração de Lula.

O PT, por sua vez, trabalhará à luz do sol para que o sonho de Jair Bolsonaro não se concretize. Sob a lua, contudo, pode deixar o barco do ex-presidente correr, porque ele é o oponente ideal para concorrer com Lula, como este sexagenário aqui não se cansa de repetir, embora tomado por certa sonolência.

A disputa com Jair Bolsonaro se tornaria, assim, apenas um campeonato de rejeição, como ocorreu em 2022: quem tiver a mais baixa, será eleito. Lula acha que será menos rejeitado pelo eleitorado do que Jair Bolsonaro, ao contrário do que ocorreria em relação a outro candidato da direita, como Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado.

Jair Bolsonaro pensa diferente, claro, mas na mesma linha de raciocínio. Aposta que a rejeição a Lula, depois de um terceiro mandato decepcionante, será maior do que a dele.

A decisão de Arthur Lira de tirar o PL da Comissão de Constituiçåo e Justiça da Câmara é, portanto, um aceno a todas essas possibilidades — ele angariou, assim, os apoios necessários para fazer o seu sucessor na presidência da Casa. É o uso responsável, do ponto de vista dele, do projeto de lei como moeda de troca.

Se o PL  passar na Câmara, restará saber qual será a posição do STF, que irremediavelmente dará a última palavra, em julgamento ou não. Se os senhores ministros concluírem que Jair Bolsonaro elegível é bom para Lula, eles vão liberar o cavalo bolsonarista para a corrida.

Lula e Jair Bolsonaro são os candidatos perfeitos tanto para um quanto para o outro, não para o Brasil. Para o país, o melhor seria Lula pendurar as chuteiras gastas e Jair Bolsonaro enfiar a sua viola desafinada no saco. No mínimo, o nível das metáforas seria melhor. Como sempre, porém, o Brasil assiste ao jogo brasiliense do banco de reservas.

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