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Piano ao cair da tarde: tu sabe com quem tá falando, Transparência?

Toffoli mandou a PGR investigar Transparência Internacional. É só coincidência que tenha sido depois de a entidade tê-lo espinafrado

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STF réus PGR - Metrópoles
1 de 1 STF réus PGR - Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira / Metrópoles

O ministro Dias Toffoli mandou investigar a Transparência Internacional. Deve ser coincidência que tenha sido logo depois de a entidade ter citado o nome do ministro nove vezes no relatório sobre o Brasil que acompanha a divulgação do ranking anual sobre a percepção de corrupção em 180 países.

Em 2023, o Brasil obteve a sua segunda pior colocação na história: está em 104º lugar. Para a Transparência Internacional, Dias Toffoli é um personagem capital da volta da impunidade dos corruptos, por causa das decisões monocráticas de anular provas e suspender pagamentos que constam nos acordos de leniência de empresas idôneas como a Odebrecht e a J&F, da qual a sua mulher é advogada — outra coincidência, claro. 

“Graças às decisões do ministro Toffoli, o Brasil se torna um cemitério de provas de crimes que geraram miséria, violência e sofrimento humano em mais de uma dezena de países da América Latina e África”, espinafrou a Transparência Internacional, por exemplo.

O ministro quer que a PGR investigue a entidade por ela supostamente ter se apropriado de vultosos recursos públicos recuperados pela Justiça, por meio do acordo de leniência da Justiça com a J&F. A Transparência Internacional disse que não ficou com a dinheirama — seriam 2,3 bilhões de reais para investimentos sociais — e afirmou:

“Reações hostis ao trabalho anticorrupção da Transparência Internacional são cada vez mais graves e comuns, em diversas partes do mundo. Ataques às vozes críticas na sociedade, que denunciam a corrupção e a impunidade de poderosos, não podem ser naturalizados.” 

O futebol foi o seguinte: o petista Rui Falcão se apresentou na área e rolou uma notícia-crime ao STJ, em 2021. Um ministro do STJ recebeu a notícia-crime, olhou para os lados e resolveu lançar diretamente a bola para Dias Toffoli. 

O ministro, então, partiu para a grande área por meio da PGR — que já havia, em 2020, desmentido que a Transparência Internacional houvesse ficado com qualquer dinheiro do acordo de leniência para o qual prestou assessoria técnica gratuita. Mas a PGR tem coincidentemente novo chefe, pode ser que mude de opinião no VAR, não é? 

O futebol é uma caixinha de surpresas, todo mundo sabe. Todo mundo sabe também que, por coincidência, o Brasil cairá ainda mais no ranking de percepção da corrupção depois do ataque de Dias Toffoli à entidade. Mas o único ranking que importa por aqui é o do você-sabe-com-quem-está-falando. Com todas essas coincidências, tu sabe com quem tá falando, Transparência Internacional?

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