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Pablo Marçal reúne os requisitos para ser candidato a qualquer coisa

Não há como negar que o ex-coach Pablo Marçal tem vasto currículo para ser prefeito de São Paulo ou até presidente da República

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Pablo Marçal, Câmara -- Metrópoles
1 de 1 Pablo Marçal, Câmara -- Metrópoles - Foto: Paulo Cappelli/ Metrópoles

A política brasileira é tão pródiga em novidades que lustram o velho, que tenho dificuldade para acompanhar o seu ritmo. Esse Pablo Marçal, por exemplo: eu achava que era aquela cantora de nome masculino. 

Não é. É um sujeito que fez fortuna como coach e que, agora, quer ser prefeito de São Paulo. Coach: até pouco tempo atrás, eu achava que coach era técnico esportivo. Uma ex-namorada, então namorada, foi quem me informou que coach, no caso, é um profissional especializado em treinar pessoas para que elas consigam reposicionar-se nas suas carreiras profissionais. Parece que também serve como uma espécie de terapeuta para você mudar de atitude perante a vida. Eu jamais poderia ser coach.

Outro dia, no lançamento de um livro de um amigo, encontrei um ex-colega da revista Veja com quem não conversava havia tempo. Ele me contou que, em um evento desses que preenchem a existência de tanta gente, ouviu uma mulher dizer a Pablo Marçal que, graças a ele, havia se curado de um câncer.

Ao contrário de milhões de brasileiros, eu sempre fico desconfiado de quem cura câncer sem ser médico. Foi então que resolvi me informar na internet sobre Pablo Marçal.

O sujeito nasceu em Goiânia, tem 37 anos e já acumulou patrimônio declarado de quase 100 milhões de reais. Já não é coach, mas influenciador digital, essa profissão de nome urológico. Tem 16 milhões de seguidores, o que me fez pensar mais uma vez em Umberto Eco e a sua frase sobre as redes sociais terem dado voz a milhões de idiotas — preconceito meu, claro. 

Pablo Marçal tentou ser candidato a presidente da República e chegou a ser eleito deputado federal por São Paulo. A sua candidatura, no entanto, foi cassada em favor do petista Paulo Teixeira. Pena.

Houve ainda a façanha de liderar uma escalada do Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, que demandou o resgate de 32 pessoas pelo corpo de bombeiros. A operação durou 9 horas, e um dos bombeiros o chamou de   “irresponsável”. A aventura deu em inquérito, mas ele não foi indiciado.

O sujeito quase pegou cana por envolvimento com uma quadrilha que desviava dinheiro de bancos, crime que sempre negou e do qual teve a pena prescrita.

A sua empresa também foi condenada por desrespeitar normas sanitárias durante a pandemia de Covid — a coisa foi parar na Justiça porque um funcionário morreu ao participar de um desafio promovido pela firma de Pablo Marçal. Parada cardíaca.

Para completar o vasto currículo, ele teria difundido fake news até sobre a atuação dos militares na enchente do Rio Grande do Sul. Mas ele não disse que cura câncer, só disse que previu acidente de helicóptero.

Como candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal quer mostrar que o verdadeiro bolsonarista é ele, não Ricardo Nunes. Bom, não há como negar que Pablo Marçal reúne todos os requisitos para ser candidato a qualquer coisa neste país magnífico, cheio de novidades que lustram o velho.

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