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Pablo Marçal, o “virtuoso”: Bolsonaro já é o pior aliado de Nunes

As campanhas municipais começaram hoje, e Bolsonaro já é o pior aliado que Nunes poderia ter. Ele menosprezou o prefeito e elogiou Marçal

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Ricardo Nunes, Jair Bolsonaro e Pablo Marçal-- Metrópoles
1 de 1 Ricardo Nunes, Jair Bolsonaro e Pablo Marçal-- Metrópoles - Foto: Divulgação/Facebook

As campanhas municipais começaram oficialmente hoje, e Jair Bolsonaro já é oficialmente o pior aliado que um candidato poderia ter, como demonstra o caso de Ricardo Nunes, candidato à reeleição em São Paulo.

Em entrevista a uma rádio de Natal, no Rio Grande do Norte, Jair Bolsonaro afirmou o seguinte: 

“Eu fechei com o Ricardo Nunes. Não é o meu candidato dos sonhos, mas eu tenho um compromisso. Vou ajudá-lo onde for possível. Lá (em São Paulo) tem a figura do Pablo Marçal, que fala muito bem. É uma pessoa inteligente. Tem suas virtudes. Não tem experiência, mas faz parte.”

Eu não vou repetir o que penso sobre o coach Pablo Marçal ou ele pode pedir direito de resposta. Basta dizer que, ao elogiá-lo depois de menosprezar o candidato com o qual fechou acordo, Jair Bolsonaro segue o roteiro de quase sempre com quem se alia a ele.

Ricardo Nunes hesitou antes de ir atrás do ex-presidente a fim de lhe arrancar apoio. Não sabia até que ponto faria diferença tê-lo ao seu lado na disputa contra Guilherme Boulos, o alter ego paulista de Lula. E estava com medo de afugentar os eleitores de centro.

Diante de uma eleição municipal que poderá repetir o cenário da polarização nacional, Ricardo Nunes foi adiante na confecção de uma aliança com Jair Bolsonaro — que rifou Ricardo Salles como candidato, o pouco viável ex-ministro da boiada, em troca de escolher o vice na chapa do atual prefeito, o coronel Ricardo Nascimento Mello.

Ricardo Nunes imaginou que, com a aliança, não teria um candidato bolsonarista no seu caminho. Mas eis que surge Pablo Marçal, a bordo de uma calhambeque chamado PRTN, encarnando a figura do verdadeiro bolsonarista à la 2018. A saber, do outsider que diz lutar contra o sistema.

Pablo Marçal não é ninguém, a não ser ele próprio. O seu programa de governo cabe no seu boné e ainda sobra espaço. Mas, rebento das redes sociais, ele atrai eleitores mais à direita, encantados com os seus esquetes humorísticos contra Guilherme Boulos e Tabata Amaral, feitos sob medida para viralizar na internet. Quem precisa de política, essa coisa velha e chata, quando se tem o timing perfeito para memes?

Ricardo Nunes, que imaginava ter eliminado o empecilho de ter um candidato bolsonarista para atrapalhá-lo, agora tem pela frente um candidato que se vende como bolsonarista, e com aval informal de Jair Bolsonaro, porque esse é o significado da fala do ex-presidente rádio de Natal: ele teve de engolir Ricardo Nunes, mas bom mesmo é Pablo Marçal.

Se Ricardo Nunes não é o nome dos sonhos de Jair Bolsonaro e o coach é um sujeito que tem lá as suas virtudes aos olhos do “Mito”, por que um bolsonarista ou simpatizante votaria no atual prefeito de São Paulo no primeiro turno e não no virtuoso?

Coitado de Ricardo Nunes. Ele tem de torcer para que Pablo Marçal seja mesmo apenas um Padre Kelmon na versão municipal. Jair Bolsonaro é o pior aliado que um candidato poderia ter. Se tudo der certo para Ricardo Nunes, ele ainda terá de ter a paciência de um Tarcísio de Freitas para aguentar o rojão.

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