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O real sob ataque da quinta-coluna

O real figura, em 2024, entre as cinco moedas do mundo que mais se desvalorizaram frente ao dólar. Quem age contra o real é o governo

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Edilson Rodrigues/Agência Senado
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad -- Metrópoles
1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad -- Metrópoles - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O real figura, neste 2024 que passa dos seus meados, entre as cinco moedas do mundo que mais se desvalorizaram frente ao dólar. É lógico: o real está sob ataque de uma quinta-coluna.

O que é uma moeda, para além de ser um meio de pagamento de trocas comerciais? É a expressão da força da economia de um país e da confiança que ele inspira em agentes internos e externos. Quanto maiores forem essa força e essa confiança, maior será o valor da moeda.

Desde que foi lançado, há exatos 30 anos, o real vem sendo a tradução mais fiel da trajetória brasileira — uma trajetória ruim, já que ele perdeu, em termos reais,  mais de 40% do seu valor. É um fato inédito na nossa história que o real espelhe a realidade sem distorções. O mesmo não ocorreu com as outras moedas que o país teve: para atender a conveniências ou emergências, todas elas tiveram intervenções políticas da parte dos diferentes governos.

Neste momento, o real traduz a existência de fogo amigo. Semana sim, outra também, o governo inflige danos aos pilares da nossa moeda.

Ele enfraquece a economia brasileira com a gastança desenfreada. Espanta o mercado com as suas diatribes contra o presidente do Banco Central. Mina a confiança em uma seriedade duramente conquistada pela democracia nacional ao atacar a autonomia da instituição.

A desconfiança aumenta com a sua disposição de repetir todos os erros já cometidos em governos anteriores, armado da estranha convicção de que obterá resultados positivos desta vez.

Ao contrário do que acredita o governo (e o seu partido), quem está impedindo o Brasil de sofrer um desastre é a autoridade monetária. 

O presidente do Banco Central e a sua diretoria evitam, por meio do alto preço do dinheiro no mercado de crédito, que as pressões inflacionárias, parte delas nascida das irresponsabilidades governamentais, prevaleçam e arrastem o país para um espiral de consequências funestas para a atividade produtiva e a vida dos cidadãos. Quem viveu a hiperinflação, derrotada pelo Plano Real, sabe do que estou falando.

Ninguém gosta que o dinheiro custe alto para o investimento, a produção e o consumo. Mas não apontem o dedo para culpar o Banco Central. Quem faz a alegria dos rentistas é quem diz ser contra eles. Quem age contra o valor do real é quem sustentava, não faz tanto tempo assim, que a nossa moeda poderia substituir o dólar como moeda nas trocas internacionais do país. Era apenas uma piada. Agora é também um ironia.

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