O que o governo Lula faz de bom ou de ruim? A maioria não sabe
A falta de comunicação do governo Lula tão mais impressiona por se tratar da única área em que os petistas eram competentes
atualizado
Compartilhar notícia
O governo Lula não padece apenas de esclerose ideológica e artrite administrativa. Sofre também de afasia na área da comunicação. A maioria esmagadora dos brasileiros não sabe o que Lula anda fazendo.
É evidência com números. Há um mês, o Instituto Paraná fez uma pesquisa para a qual ninguém deu bola. Ele fez a seguinte pergunta aos entrevistados: “Saberia dizer alguma obra, medida administrativa ou benefício à população que o governo do presidente Lula realizou ou está realizando neste momento?”
Impressionantes 71% dos cidadãos não souberam ou se abstiveram de responder. Apenas 29% citaram algum ponto. O mais citado foi o Bolsa Família (8%), seguido de educação pública (6%) e Minha Casa Minha Vida (4%). Reajuste do salário mínimo ficou com menos de 1%, a mesma porcentagem de combate à inflação (o povo pode ser uma graça).
Mais da metade dos brasileiros, 53%, também não souberam ou se dispuseram a apontar o que há de ruim no governo Lula. Entre os 47% que mencionaram um aspecto negativo, o mais citado foi o aumento de impostos (6%), seguido de falta de controle da inflação (4%) e boatos de corrupção (4%).
A falta de comunicação do governo Lula — seja para dizer verdades ou divulgar mentiras com ares de verdade— tão mais impressiona por se tratar da única área em que os petistas costumavam ser competentes.
Muita gente correrá para dizer que ruim é sintoma do bom, porque os gastos totais com propaganda governamental caíram de R$ 663 milhões em 2022, último ano de Jair Bolsonaro, para R$ 451 milhões em 2023. Neste ano, a verba prevista para a Secom é de R$ 626 milhões, mas a despesa pode não ser inteiramente executada.
Dinheiro importa, mas a questão é outra: a afasia. Lula e o seu entourage perderam a capacidade de se comunicar por não entender que o mundo mudou. São antigos nas mensagens estatizantes e assistencialistas e anacrônicos nos meios que privilegiam para transmiti-las. Eles ainda apostam altíssimo em TV e relegam a internet a um segundo plano.
No ano passado, o governo Lula gastou R$ 257 milhões com canais televisivos. A soma representa 56% do valor destinado a propaganda governamental. Em 2022, essa fatia foi de 50%.
Na mão inversa, a proporção da propaganda em internet diminuiu, no mesmo período, de 17,5% para 14%, a menor em 5 anos. Em 2024, não deve mudar muito.
Como cada vez menos gente vê TV e cada vez mais gente passa o seu tempo na internet — nas redes sociais, para ser exato —, a estratégia torta da comunicação governamental é evidente.
A maioria dos brasileiros não sabe apontar nada de bom ou de ruim no governo Lula. O povo nunca se mostrou realmente informado sobre nada, mas ele agora nem sequer é aliciado.