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O PT pode definhar como o PSDB. Ambos também pagaram para morrer

O PT fenece e não há substituto para Lula, cuja árvore mais frondosa a crescer à sua sombra é Fernando Haddad, com o carisma de um tabule

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Anselmo Cunha/PT
Militância do PT em manifestação a favor de Lula -- Metrópoles
1 de 1 Militância do PT em manifestação a favor de Lula -- Metrópoles - Foto: Anselmo Cunha/PT

O PT pode ter o mesmo destino do PSDB, o seu maior adversário até 2014, e definhar a ponto de se tornar irrelevante?

A resposta é sim. O PT é o PSDB amanhã. Está certo que, nestas eleições municipais, o partido  saltou de 183 prefeituras para 251. Mas isso é muito pouco para o partido que está na presidência da República. Nas eleições de 2012, os petistas amealharam 651. Ou seja, está muito aquém do seu período de ouro.

No segundo turno, o PT disputará 13 prefeituras: em 4 capitais e 9 cidades com mais de 200 mil habitantes, patamar a partir do qual a lei obriga a que haja outra votação se nenhum candidato tiver obtido mais de 50% das preferências.

Para não dizer que a conta embute má vontade, São Paulo seria a quinta capital, já que Guilherme Boulos, do PSOL, linha auxiliar nacional do PT, passou suado ao segundo turno. Guilherme Boulos está para Lula, assim como o Hezbollah está para o Irã: é candidato por procuração do chefão petista, tanto na alegria da vitória, como na tristeza da derrota.

O PSDB foi alvejado pela Lava Jato, mas a sua dêbacle se tornou visível desde que o partido se perdeu em disputas fratricidas pelo trono vacante deixado por Fernando Henrique Cardoso, deu espaço a oportunistas como João Doria e perdeu a identidade social-democrata, sem migrar com convicção para a centro-direita, espectro no qual se situa hoje a maioria dos brasileiros, na sua espessa névoa mental.

O PT vinha contornando o seu anacronismo ideológico por meio da fantasia (alegremente engolida pelos  ingênuos) de que detinha o monopólio da ética, pela adoção do assistencialismo eleitoreiro massificado e, principalmente, graças à popularidade de Lula, com o seu carisma de amigo de bar.

O assistencialismo eleitoreiro de massa deixou de ser prerrogativa petista e a Lava Jato queimou a fantasia ética do partido, além de abalroar a popularidade de Lula. Popularidade ferida também pelo surgimento do rival Jair Bolsonaro, populista como ele, mas de sinal trocado.

Lula venceu Jair Bolsonaro em 2024, mas por margem insignificante de votos, apesar de todos os desvarios cometidos pelo adversário durante o mandato presidencial, e com o sistema jogando todo o seu peso a favor do chefão petista, que foi ressuscitado não por questão de Justiça, mas de conveniência política. Ressuscitou por aparelhos, já que passou a depender da rejeição a Jair Bolsonaro para se manter vivo politicamente, como se fosse o menos ruim para a democracia, e o seu partido se vê obrigado a entrar em concubinatos eleitorais por falta de quadros.

A paisagem é nítida: o envelhecimento cronológico do chefão petista é inexorável, embora os seus acólitos lhe atribuam divindade, a senilidade ideológica do PT é indisfarçável, a sua base sindical desapareceu e os contínuos atestados de óbito do bolsonarismo assinados pela imprensa são desmentidos pela realidade. Até no Nordeste, bastião petista, o PL de Jair Bolsonaro se espraia.

O PT fenece e não há substituto para Lula, cuja árvore mais frondosa a crescer à sua sombra é Fernando Haddad, que tem o carisma de um prato de tabule.

O lulismo não contém necessariamente o petismo. Mesmo que Lula se reeleja em 2026, o que está muito longe de ser uma garantia, ao contrário do que pensa Gilberto Kassab, o seu partido continuará definhando, enquanto o Centrão cresce alimentado pela bufunfa das emendas parlamentares. É tudo só por dinheiro, e cada vez mais, desde que o tucano Fernando Henrique Cardoso comprou a emenda da reeleição e Lula instituiu o mensalão para conseguir votos no Congresso. PSDB e PT também pagaram para morrer.

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