O problema do islamismo na Europa não é criação de “islamofóbicos”
Exemplo da dimensão do problema na Europa é a existência de 85 “tribunais da charia” no Reino Unido, que atuam à margem do sistema legal
atualizado
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É preciso parar de tachar de “islamofóbica” toda e qualquer pessoa que aponta para o enorme problema que virou o islamismo na Europa. Para se ter ideia, há até tribunais islâmicos em funcionamento no continente, como se verá mais adiante.
É negar a realidade evidente recusar-se a enxergar o fato de que países europeus abrigam, legal ou ilegalmente, milhões de pessoas que, desde a ascensão dos aiatolás no Irã, abraçaram a ideia de que há uma guerra a ser vencida contra o Ocidente. Guerra religiosa, cultural e política antevista pelo cientista político americano Samuel Huntington, autor do livro Clash of Civilizations.
O aspecto mais cruento do conflito são os atentados terroristas de grande amplitude, mas a tensão cotidiana, decorrente de valores completamente opostos, também se traduz em violência. Exemplo disso é o assassinato do professor francês Samuel Paty, decapitado em 2020 simplesmente porque defendeu a liberdade de expressão em sala de aula. O grupo que estimulou o crime nas redes sociais foi condenado há poucos dias pela Justiça da França.
Há que se reconhecer, ainda, que o antissemitismo europeu passou a se alimentar do antissemitismo muçulmano, como pode se verificar pelas manifestações nas grandes capitais da Europa contra a própria existência de Israel, a pretexto de defender os palestinos.
Os dados sobre a ignorância da qual o antissemitismo muçulmano se retroalimenta são impressionantes. Uma sondagem feita pelo think tank Henry Jackson Society mostra que somente um em cada quatro muçulmanos britânicos acha que o Hamas realmente cometeu a selvageria de 7 de outubro de 2023. Não é muito diferente nos demais países da Europa.
Desde 2018, o governo de Emmanuel Macron fechou mais de 700 centros de doutrinação islâmica na França. A infiltração fundamentalista nas sociedades europeias ganhou outra dimensão assustadora com a reportagem publicada recentemente pelo The Times sobre a existência de dezenas de “tribunais da Charia” no Reino Unido. Segundo o jornal inglês, o país tem hoje 85 conselhos muçulmanos que, à margem do sistema legal, regem a vida familiar de milhares de cidadãos de acordo com o conjunto de normas do Islã.
Essas normas permitem, por exemplo, que um homem seja polígamo e que possa se separar de uma mulher pronunciando apenas a palavra “divórcio” três vezes. Estima-se que haja 100 mil casamentos no Reino Unido registrados nesses tribunais, a maior parte deles não declarados às autoridades britânicas. É de uma ilegalidade desabrida.
O primeiro “tribunal da charia” surgiu na Inglaterra em 1982 e, desde então, eles se espalharam pelo Reino Unido. Em um dos centros da civilização ocidental, mulheres muçulmanas estão sujeitas às mesmas regras que oprimem as mulheres do Afeganistão ou do Irã. Elas podem ser surradas por seus maridos, como se a violência doméstica fosse um assunto privado, e têm menos direitos sucessórios: os “tribunais da charia” dispõem que as filhas recebam heranças menores do que as dos filhos.
Se não houver reconhecimento, principalmente da parte da esquerda, de que existe um problema a ser a sanado dentro dos limites de um Estado de Direito garantidor de liberdades, mas vigilante da observância dos valores que o engendraram, a xenofobia encontrará terreno ainda mais fértil no continente, e esta é apenas uma das consequências nefastas que em nada resolverão a questão. Pelo contrário, irão acirrá-la. O problema do islamismo na Europa não é criação de “islamofóbicos”.