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O papa peronista e Lula 38

Francisco absolveu Lula (e Dilma). Os petistas comemoraram a ducha de água benta, mas a pesquisa DataFolha foi uma ducha de água fria

atualizado

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Ricardo Stuckert
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1 de 1 Lula-e-Papa - Foto: Ricardo Stuckert

Em entrevista a um canal de TV argentino, Papa Francisco absolveu Lula. Ele disse que o petista foi condenado sem provas, vítima de lawfare. Na mesma entrevista, o jornalista levantou outra hóstia para Papa Francisco ministrar a comunhão. O colega comentou que Dilma Rousseff sofreu impeachment, em 2016, por “um ato administrativo menor”, e Sua Santidade não se fez de rogada. Afirmou que a ex-presidente é “uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente”.

Os petistas deliraram com as indulgências de Papa Francisco e todo mundo logo esqueceu que, em 2021, ele disse que o Brasil não tinha salvação, porque a gente bebia muita cachaça e rezava pouco.

Para o serviço ficar completo, só faltou Sua Santidade comunicar que Sergio Moro e Deltan Dallagnol têm encontro marcado com o capeta. Nada que não possa ser providenciado com um telefonema do presidente da Argentina, Alberto Fernández. Você há de lembrar que foi o inquilino da Casa Rosada quem intermediou o encontro de Lula com Papa Francisco, em 2020.

Está certo que Sua Santidade anda meio brava com  Alberto Fernández, por causa da situação econômica e social da sua Argentina natal, onde a inflação anual bateu em 100%, e também porque o aborto continua na pauta política por lá. De vez em quando, a realidade é um problema, sabe como é. Ainda bem que ambos continuam irmãos naquela fé que é mais forte do que o catolicismo e do que qualquer aspecto tangível da vida — o peronismo.

Papa Francisco diz que não é peronista, mas todas as evidências mostram o contrário. É um trabajador combatiendo al capital. Acho até que, quando morava em Buenos Aires, ele tinha de se segurar para não pular ao som dos tambores populistas e cantar: Los muchachos peronistas, Todos unidos triunfaremos, Y como siempre daremos un grito de corazón: ¡Viva Perón! ¡Viva Perón!

Há algum tempo, o jornalista argentino Nicolás Lucca fez um diagnóstico a respeito dos apoios papais (soube por meio da minha querida Vilma Gryzinsky): “Francisco completou o álbum de líderes populistas sul-americanos entre os quais não existe um único que tenha uma situação judicial com saldo a favor”.

Ser peronista é, basicamente, estar sempre do lado errado da história.

Na mesma semana em que se soube que Lula foi absolvido por Papa Francisco, numa ducha de água benta, o DataFolha divulgou uma pesquisa que foi uma ducha de água fria. Ela mostra que, desde o início do governo do petista, aumentou o número de brasileiros pessimistas com a economia. A pesquisa também aponta que Lula é aprovado por 38% dos nossos concidadãos e reprovado por 29%. A popularidade do petista é menor do que no início dos seus dois mandatos anteriores.

O que isso quer dizer? É a economia, seu bobinho, e será inútil culpar Roberto Campos Neto, se o cenário não vier a melhorar. O problema é tanto maior para os petistas, porque não basta absolver Lula, é preciso beatificá-lo em vida. Tem de acabar em tambor: Los muchachos petistas, Todos unidos triunfaremos, Y como siempre daremos un grito de corazón: ¡Viva Lula! ¡Viva Lula!

 

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