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O Natal sem vergonha dos culpados pela queda da ponte no Norte do país

A queda da ponte entre Tocantins e Maranhão é mostra de que já caiu faz tempo a conexão mínima que existia entre política e vergonha na cara

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A queda da ponte entre Tocantins e Maranhão é outro exemplo de que já caiu faz tempo a conexão mínima que existia entre política e vergonha na cara.

Assim como todos os demais  ministérios nas suas respectivas áreas de atuação, a pasta dos Transportes é disputada a tapa não para construir, conservar e melhorar estradas. Os políticos a querem para colocar a mão peluda sobre o seu orçamento e construir, manter e aumentar as suas próprias fortunas.

Nesse seu objetivo precípuo, os únicos verbos que eles sabem conjugar é roubar, desviar, corromper, favorecer e negligenciar.

No caso da ponte entre Tocantins e Maranhão, ela caiu quando estava sendo filmada por um vereador de Aguiarnópolis (um abnegado, ao que parece) que queria denunciar o estado deplorável em que ela se encontrava.

Ao assistir ao vídeo, a pergunta que fica é como que a ponte não caiu antes: havia grandes fissuras em 14 dos 16 pilares da ponte. Quatro longos anos depois de uma vistoria, foi lançado um edital para recuperá-la. Ninguém se mostrou interessado em pegar a obra de R$ 13 milhões e tudo ficou por isso mesmo.

O órgão responsável pela manutenção da ponte é a superintendência de Tocantins do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Quem é o superintendente? Um patriota que foi preso pela PF, em 2017, suspeito de desviar R$ 200 milhões do BNDES, conforme noticiado pelo jornalista Diogo Schelp.

Três depois da prisão, o processo no qual o patriota é réu teve o destino de tantos outros, graças a uma das jurisprudências de ocasião que se encarregam de preservar tudo como sempre foi: saiu da esfera criminal pura e seguiu para a Justiça Eleitoral, porque a gatunagem serviu para abastecer campanhas eleitorais de outros guerreiros do povo brasileiro, veja só a sorte. E lá, na Justiça Eleitoral, o processo repousa em berço esplêndido, como era o objetivo jurisprudencial.

Esse passado de glórias credenciou o patriota a ser indicado para ser superintendente do Dnit de Tocantins por um deputado federal do Republicanos, Ricardo Ayres, que apoia Lula, apesar de o partido ser identificado com o bolsonarismo. O apoio rendeu ao deputado a nomeação do patriota, que já tinha muita rodagem nos negócios relacionados a transporte. Mas não sejamos injustos: o desastre anunciado é obra coletiva de uma linhagem antiga e magnífica.

Ninguém precisa se preocupar com nada: a ponte despencou, duas pessoas morreram, mais de um dezena está desaparecida, 76 toneladas de acido sulfúrico caíram com três caminhões no rio Tocantins, mas o Natal dos culpados será uma festa sem vergonha de ser feliz.

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