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O horror do 7 de outubro de 2023 tirou o antissemitismo do armário

O 7 de outubro é um segundo Holocausto por mostrar que o antissemitismo sobrevive extensa, profunda e violentamente no Ocidente

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Pessoas passam por uma tela exibindo fotos de reféns sequestrados em 7 de outubro: seis corpos recuperados na Faixa de Gaza -- Metrópoles
1 de 1 Pessoas passam por uma tela exibindo fotos de reféns sequestrados em 7 de outubro: seis corpos recuperados na Faixa de Gaza -- Metrópoles - Foto: Amir Levy/Getty Images

Há um ano, em 7 de outubro de 2023, Israel e os judeus do mundo inteiro sofreram um segundo Holocausto: o Hamas invadiu o território do país e matou covardemente 1250 pessoas, muitas delas crianças.

Além de matar com prazer sádico, os terroristas do Hamas sequestraram 250 cidadãos. Do total de reféns, entre devolvidos mediante troca por prisioneiros palestinos perigosos, resgatados pelo exército israelense e mortos em cárcere privado, 97 ainda permanecem em Gaza, em condições de pesadelo.

O 7 de outubro é também um segundo Holocausto por mostrar de maneira crua o que os judeus imaginavam ser apenas resquício de um passado de perseguições: o extenso, profundo e violento antissemitismo que sobrevive no Ocidente.

O antissemitismo foi tirado do armário, e os atos contra judeus multiplicam-se na Europa, nos Estados Unidos e até nestas remotas latitudes brasileiras, sob o falso manto do antissionismo e da solidariedade ao povo palestino. O antissemitismo, que nasceu sob o catolicismo e vingou sob o direitismo, agora tem a sua principal cadeia de transmissão na esquerda.

A esquerda, que odeia Israel por causa do sucesso da única democracia capitalista no Oriente Médio, abraçou desde há muito os terroristas do Hamas e do Hezbollah, mas nunca as suas razões foram tão desavergonhadamente gritadas. Trata-se de varrer Israel do mapa, do rio Jordão até o Mar Mediterrâneo, no canto dos imbecis da podridão moral.

Como os judeus não podem existir, eles também não podem reagir. É importante que se diga: mesmo que os terroristas do Hamas e do Hezbollah não usassem civis como escudos humanos e o exército israelense tivesse matado um número pequeno de palestinos e libaneses, mesmo se o primeiro-ministro de Israel não fosse Benjamin Netanyahu, com a sua cumplicidade com os colonos ilegais na Cisjordânia,  ainda assim a reação militar ao 7 de outubro  teria sido “desproporcional” e “genocida” aos olhos dos antissemitas. Porque “desproporcional” e “genocida”, para eles, é a própria existência de Israel. Porque, para eles, a humanidade dos judeus é relativa.

O antissemitismo está bem vivo, e é desalentador constatar que políticos europeus e americanos, antes intransigentes no apoio aos israelensesl, agora procuram afagar demagogicamente os eleitores muçulmanos dos seus países, regando o ódio aos judeus com posições equilibradas só na aparência.

É gente como o presidente francês Emmanuel Macron, que quer impor embargo ao fornecimento de armas a Israel para deter o bombardeio a posições do Hezbollah no Líbano. Como se o Líbano não tivesse que pagar o preço por ter deixado o Hezbollah infiltrar-se no seu tecido social e político e usar o seu território para lançar foguetes contra civis israelenses.

Na imprensa dominada pela esquerda, culpa-se Israel pela expansão do conflito no Oriente Médio, ignorando-se ou atenuando-se cinicamente que o grande culpado é o Irã, que financia o Hamas, o Hezbollah e os Houthis do Iêmen, em uma guerra que vinha se mantendo por procuração até que os aiatolás iranianos decidissem bombardear os israelenses por duas vezes. Mas, de partida, Israel estará errado se vier a responder ao Irã na mesma moeda. O antissemitismo da imprensa ocidental lhe é mais uma desonra.

Um ano depois daquele 7 de outubro de horror, Israel enfrenta simultaneamente, além do Hamas e do Hezbollah, os Houthis, o Irã, as milícias baseadas na Síria e no Iraque e as massas muçulmanas e esquerdistas no Ocidente, que pressionam governantes a boicotar os israelenses e justificam os atentados antissemitas contra as comunidades judaicas nos respectivos países, em uma Noite dos Cristais que se quer permanente.

“A religião judaica, mãe do cristianismo e avó do maometismo, espancada pelo filho e pelo neto”. Depois de três séculos, a frase de Voltaire continua a valer. Não aprendemos nada, não esquecemos nada. Neste 7 de outubro, os meus pêsames e a minha solidariedade aos israelenses e aos judeus do mundo inteiro.

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