O Brasil inventou um troço formidável: o descontão para ladrão, um passo além do que já era inovação, o desconto para ladrão.

Explico o busílis: as empreiteiras corruptoras do petrolão devem um total de R$ 8 bilhões à União, em multas que constam dos acordos de leniência firmados no âmbito da Lava Jato.

No processo de destruição dos legados da Lava Jato, essas multas estão sendo renegociadas com a Controladoria-Geral da União (CGU), aquele órgão governamental cujo ministro é sócio de um escritório de advocacia que representa a Novonor, a ex-Odebrecht, uma das empreiteiras corruptoras do pacote.

A primeira ideia era facilitar o pagamento das multas, sem a redução dos valores. As empreiteiras, contudo, querem pagar menos, alegando que estão no vermelho, como se os cidadãos brasileiros roubados por elas (para quem não sabe, nós somos o país) tivessem algo a ver com isso. 

A CGU topou, então, fazer um abatimento de até 30% do total devido, por meio de um mecanismo fiscal que torna as empreiteiras credoras da União. Não foi suficientemente escandaloso.

A jornalista Renata Agostini informa, agora, que o governo quer dar uma desconto de até 50% nas multas devidas pelas empreiteiras, muito mais do que a mamata admitida pelos técnicos da CGU.

É o descontão para ladrão. Por que o governo Lula abriria mão de receber R$ 4 bilhões? Você sabe a resposta, todo mundo sabe, mas ela não pode ser dita, porque é considerada fake news pelos defensores da democracia do prende e arrebenta.