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O entusiasmo da presidente do PT com a China totalitária

A presidente do PT voltou entusiasmada da China. Ela quer “fortalecer intercâmbios de construção partidária e governança” com o PC chinês

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Gleisi Hoffmann sob fundo preto - Metrópoles
1 de 1 Gleisi Hoffmann sob fundo preto - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Gleisi Hoffmann voltou entusiasmada de uma viagem à China. Já estive lá: a China é mesmo entusiasmante quando você deixa de lado a natureza totalitária de um regime que abandonou o socialismo maoísta para adotar o capitalismo de estado — e, assim, manter-se no poder, depois do massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989.

A presidente do PT e outros esquerdistas da sua laia não precisam deixar de lado o totalitarismo chinês, porque eles gostariam mesmo é de implantar por aqui um regime de partido único, sem oposição, que controlasse todos os aspectos da vida das pessoas.

Em um dos seus posts no X de Elon Musk, Gleisi Hoffmann comenta o seu encontro com Li Xi, “secretário do Partido Comunista da China”. Escreveu a presidente do PT:

“Com a celebração de 40 anos da relação entre o PT e o PCCh, nos comprometemos a aprofundar as parcerias entre os partidos. Estamos dispostos à (sic) colaborar para fortalecer intercâmbios de experiências na construção partidária e governança, consolidar a relação política entre nossos países, fortalecer parcerias, o desenvolvimento sustentável em diversas áreas e, de maneira conjunta, superar os desafios globais que estamos enfrentando.”

Obviamente, o Brasil não pode marginalizar a China, superpotência mundial e nosso principal parceiro comercial. No entanto, o que chama a atenção no post de Gleisi é o compromisso de “aprofundar as parcerias entre os partidos” e a disposição de “fortalecer intercâmbios de experiências na construção partidária e governança”.

A única experiência de construção partidária e governança que o Partido Comunista da China pode dar é como eliminar todos os opositores e reinar absoluto no país. Ele o faz não só por meio da brutalidade, mas por meio da cooptação, desde a escola fundamental, daqueles que se mostram intelectualmente superiores e mais suscetíveis à doutrinação.

Na minha ida à China, em 2008, tive oportunidade de ver como se dá essa cooptação: os meninos e meninas selecionados entram para o partido, gozam de regalias e têm o seu futuro profissional garantido no capitalismo de estado capitaneado pelo Partido Comunista. É um método eficiente porque forma uma elite disposta a fazer tudo para que nada mude. O golpe perfeito, como chamei na ocasião, em reportagem para a revista na qual eu trabalhava.

Criticada pelo seu entusiasmo com a China totalitária, Gleisi Hoffmann respondeu na base do veja bem, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Afirmou que “não existe um modelo acabado de socialismo, é uma construção a partir da realidade, cultura e condições políticas de cada país” e que “o PT defende o socialismo democrático, a ser construído de acordo com nossa realidade, condições e vantagens competitivas”. 

Ela sabe muito bem que não existe “socialismo democrático”. É um oxímoro. Houvesse socialismo democrático, o Muro de Berlim não teria caído e Cuba, Venezuela e Nicarágua não seriam ditaduras, para além da Coreia do Norte e da própria China, com o seu regime híbrido.

Os petistas insistem que o seu partido tem “DNA democrático” e que, no poder, sempre governaram seguindo as premissas democráticas. Não é verdade. Tivesse “DNA democrático”, o PT não apoiaria as ditaduras socialistas e não teria tentado torpedear a democracia brasileira por meio do mensalão e do petrolão. Esperemos que os “intercâmbios de experiências na construção partidária e governança” com o Partido Comunista da China não prosperem.

Por último, mas não menos importante: o senhor Li Xi não é apenas “secretário” do PCCh. Gleisi Hoffmann omitiu que ele é secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do partido. Cabe a Li Xi garantir que nenhum integrante ouse desafiar o poder de Xi Jinping. O dado irônico é que ele também tem o papel de punir corruptos, função que não deve interessar ao PT, imagino.

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