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O 7 de setembro deveria ser vermelho

Neste 7 de Setembro, Lula quer fazer contraponto ao dos bolsonaristas. É também partidarizar a data, com sinal trocado. Chega de hipocrisia

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Quem liga para o 7 de setembro? Ninguém, a não ser os militares, por convicção e dever de ofício, e os civis bolsonaristas, que transformaram a data cívica em partidária, numa extensão da apropriação do auriverde. As cores da bandeira nacional estavam dando sopa fazia tempo no campo da política, e eles as pegaram para si.

A cor do PT é o vermelho e nunca deixará de ser, a menos que o partido venha a se tornar de direita. A tradição esquerdista internacional de usar a cor nasceu com as revoluções de 1848 na Europa, cujo epicentro foi a França, como não poderia deixar de ser. O vermelho foi definitivamente incorporado ao esquerdismo pela Comuna de Paris, em 1871, aquela enormidade que resultou na destruição do Palácio das Tulherias.

O simbolismo é banal: trata-se da cor do sangue do proletariado sugado e derramado pelos aristocratas, de sangue azul, e pelos burgueses, cuja cor de sangue permanece simbolicamente imprecisa, embora alguns advoguem ser o verde do dólar. Mas a verdade é que a burguesia adquire a cor que for mais oportuna para o bom andamento dos negócios. No Brasil, em especial, essa capacidade adaptativa chega a ser ridiculamente admirável, ou admiravelmente ridícula, tanto faz.

Como o vermelho do PT tem história que antecede a  existência do partido, as suas tentativas de esconder a cor nas propagandas eleitorais e adotar o auriverde são desbotadas instantaneamente pela falsidade.

Neste 7 de Setembro, Lula quer fazer contraponto ao do ano passado, dominado pelo bolsonarismo. Supostamente para tirar o caráter partidário da data. Divertido. Só a intenção de fazer contraponto significa partidarizar a data, com sinal trocado. Vamos deixar de hipocrisia.

Os petistas deveriam ser desabridos e usar as suas bandeiras e camisetas vermelhas nas comemorações provocativas, se houver. Seria mais autêntico do que tentar retomar o auriverde dos adversários. Que transformem tudo no Grito dos Excluídos. Grito do Ipiranga ou Grito dos Excluídos, os brasileiros não estão nem aí. Querem mesmo é ficar em casa, como agora pregam pateticamente os bolsonaristas, e gozar o feriado. Talvez emendar numa casa na praia. Será que dá?

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