Ninguém merece o chulé do Jair Bolsonaro
A história do Rolex e das joias revendidas em Miami por acólitos de Jair Bolsonaro desmerece a história grandiosa da ladroagem brasileira
atualizado
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A PF cancelou qualquer dúvida de que Jair Bolsonaro e os seus acólitos são uma gente chulé, que desmerece também a história da ladroagem brasileira. Cadê aquela grandiosidade do mensalão e do petrolão? É preciso recuperar a nossa dignidade. Não deve demorar.
O enredo das joias está no seu epílogo. A PF descobriu que o general da reserva — general, imagine — Mauro César Lourena Cid, pai do ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o inefável Mauro Cid, revendeu para uma loja de Miami as joias recebidas em viagem oficial pelo então presidente da República.
Entre as joias, estava o Rolex cravejado de diamantes que o filho, militar igualmente diligente no cumprimento dos seus deveres para com a nação, cotou por 300 mil reais. O dinheiro da venda estava fazendo um pit stop na conta do general, quando o TCU mandou que as joias fossem devolvidas.
Diante da emergência institucional, entrou em cena na tragédia-pastelão o advogado Frederick Wassef, o Deus ex machina do bolsonarismo que escondeu em Atibaia o Fabrício Queiroz das rachadinhas. O advogado foi encarregado de recomprar o Rolex e as outras joias em Miami.
Tudo fica ainda mais ridículo porque Frederick Wassef teve de comprar o relógio da loja americana por um preço maior do que a da venda. Imagina-se que as outras joias recompradas também tenham saído mais caro. Viva o capitalismo.
Obviamente, o dinheiro da venda das joias não iria ficar em eterno pit stop na conta do general da reserva — general, imagine — Mauro César Lourena Cid, ou ele seria apenas um ladrão agindo por conta própria. Supõe-se, que o negócio era sacar a erva e entregá-la em espécie a Jair Bolsonaro.
As investigações da PF mostram que as joias saíram do Brasil no avião presidencial, em 30 de dezembro, no mesmo voo que levou Jair Bolsonaro para Miami, em fuga da obrigação de passar a faixa para Lula. Pouco mais de duas semanas depois, Mauro Cid, o ajudante de ordens do agora ex-presidente, enviou mensagem a um colega, expressando o seu receio de que US$ 25 mil de Jair Bolsonaro, ao que tudo indica parte do dinheiro da venda das joias, ficassem por muito tempo com o pai.
A organização criminosa que saqueou a Petrobras foi substituída por uma quadrilha de ladrões de joias e relógios. Os golpistas de estado são golpistas estelionatários. Ninguém merece o chulé do Jair Bolsonaro e dos seus acólitos: que lhes seja agravante nas condenações. Precisamos voltar à normalidade democrática o quanto antes. À nossa grandiosidade.