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Ninguém ama tanto a humanidade como a esquerda. Quem ama engana

Ninguém também quer tanto mudar a realidade como a esquerda. Ninguém espanca tanto a realidade como a esquerda. Quem ama espanca

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Protesto contra avanço da extrema direita em Paris, França -- Metrópoles
1 de 1 Protesto contra avanço da extrema direita em Paris, França -- Metrópoles - Foto: Jerome Gilles/NurPhoto via Getty Images

Ninguém ama tanto a humanidade como a esquerda. Ninguém engana tanto a humanidade como a esquerda. Quem ama engana. Ninguém quer mudar tanto a realidade como a esquerda. Ninguém espanca tanto a realidade como a esquerda. Quem ama espanca.

Veja-se o que acontece, não no Brasil, por favor, já que as sensibilidades dos que nos tangem para o abismo estão à flor da pele. Veja-se o que acontece é na França.

Depois que Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional, a direita francesa se dividiu nas suas diferenças e esquerda francesa se uniu nas suas semelhanças para enganar os cidadãos e tentar vencer as eleições legislativas antecipadas. Essas eleições definirão quem será o próximo primeiro-ministro do país.

A primeira trapaça da coalizão de esquerda é fazer crer que, em caso de vitória, o extremista Jean-Luc Mélenchon, stalinista, antissemita e antieuropeísta, não será primeiro-ministro de jeito nenhum, embora a extrema esquerda seja maioria na coalizão e ele próprio não tenha descartado a hipótese de ocupar o cargo, em caso de vitória. A trapaça é para atrair os ressabiados com essa possibilidade.

Já que não dá para escondê-lo totalmente, tentam suavizar o sujeito. Difícil. Jean-Luc Mélenchon aproveitou a convocação de eleições antecipadas e promoveu um expurgo no seu partido, barrando a candidatura de adversários internos. É o que stalinistas fazem quando não contam com gulags.

A segunda trapaça da coalizão de esquerda é o seu programa. Ela promete aumentar o salário mínimo líquido de 1.400 euros para 1.600 euros e revogar a reforma da aposentadoria, que elevou a idade mínima de 62 anos para 64 anos. Se vencer a eleição, a esquerda diz que os franceses se aposentarão aos 60 anos.

Como não poderia deixar de ser, a esquerda quer aumentar os impostos sobre os grandes rendimentos, restabelecer o “imposto de solidariedade” sobre as fortunas e criar catorze alíquotas no lugar das cinco hoje existentes. A coalizão também afirma que vai reverter o último aumento do gás e congelar o preço da energia.

O programa ainda previa mais uma semana de férias pagas aos assalariados e, oh là là, a nacionalização da gigante farmacêutica Sanofi, mas os moderados da coalizão acharam que era progressismo demais. 

A receita da esquerda é de desastre ferroviário. O pacote custaria 100 bilhões de euros, por baixo, de acordo com os partidários de Emmanuel Macron, que sabem fazer contas, embora também não as respeitem como deveriam.

É um Mont Blanc de dinheiro que inexiste. Aumentar os impostos dos ricos não propiciará um aumento significativo de arrecadação e ainda afugentará os atingidos, como já ocorreu durante o último governo socialista.

Quanto à imigração, a proposta é que as portas da França se abram de vez, com a facilitação de obtenção de vistos de permanência e a extensão do seu prazo de referência para dez anos. A criminalidade associada à imigração não é assunto para a esquerda, como se lidar com um fato documentado fosse legitimar a xenofobia e o racismo. Foi um dos temas que impulsionaram o ultradireitista Rassemblement National, de Marine Le Pen e Jordan Bardella.

Para finalizar, a coalizão propõe a convocação de uma “assembleia constituinte cidadã” e a instituição de referendos por iniciativa popular — o que significaria, na prática, usurpar a democracia representativa e instaurar a democracia direta sob os auspícios da “sociedade civil”, que é como a esquerda chama os seus sindicatos, as suas associações e os seus movimentos organizados.

A esquerda espanca a realidade, mas a realidade, às vezes, se impõe à esquerda. Jean-Luc Mélenchon, que expurgou adversários, fez vista grossa para Adrian Quantennens, amante da humanidade condenado no final de 2022 por bater na mulher. Não deu certo.

Adrian Quantennens se viu obrigado a renunciar à candidatura para a Assembleia Nacional, apesar do apoio dado pelo chefão da extrema esquerda. As mulheres da coalizão ficaram zangadas, a pressão midiática foi grande, e finalmente não deixaram que o espancador de mulher pudesse espancar também a realidade durante a campanha eleitoral.

PS: as manifestações contra o avanço da extrema direita na França, no sábado, reuniram apenas 250 mil pessoas em todo o país, segundo o governo. Os sindicatos de esquerda inflaram esse número para 650 mil, mas as imagens dizem por si.

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