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Membro do PCC: “Arrancamos o coração dele”. É este um homem?

O horror absoluto está descrito em uma reportagem sobre o “Novo Cangaço”, a modalidade de crime que o PCC pratica em pequenas cidades

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1 de 1 Imagem de terreno com terra revirada - Metrópoles - Foto: Reprodução/Polícia Civil

O horror absoluto está descrito em uma reportagem dos jornalistas Pepita Ortega, Marcelo Godoy e Fausto Macedo. O horror absoluto é o PCC.

Os jornalistas tiveram acesso a trocas de mensagens e  áudios de criminosos da facção criminosa. Eles foram captados pela Polícia Federal e pela Promotoria de São Paulo no curso das investigações sobre o “Novo Cangaço”, como vêm sendo chamados os assaltos a blindados e bancos que os criminosos promovem em pequenas cidades do interior, acompanhados de barbaridades.

No material obtido pelas autoridades, “os investigadores da Operação Baal encontraram um rastro de sangue do PCC em três estados – Mato Grosso, São Paulo e Piauí -, cenas de uma guerra interna da organização pelo controle de biqueiras e vinganças. Decapitações e a extração de órgãos vitais das vítimas, como fígado e coração, marcam esse conflito e assombram até veteranos do combate ao crime”, diz a reportagem.

Há fotos de órgãos humanos arrancados à mão e cabeças decepadas. Sim, você leu certo: os criminosos não apenas matam os seus desafetos, como os estripam e exibem o que estriparam como se fossem troféus.

Em um áudio, um dos criminosos diz: “Aí irmão, arrancamos aí o coração e o fígado dele, tá ligado, cortamos ele todinho, pedacinho por pedacinho. Daquele jeito, daquele modelo que esses lixos aí merece.”

Alguém que arranca o coração e o fígado de alguém, que corta o seu corpo meticulosamente, “pedacinho por pedacinho”: é este um homem?

Quem acha que a pena de morte é a punição para  matadores como esses, como se a Justiça fosse extensão da vingança, não a sua substituta: é este um homem?

Sim, são todos demasiadamente humanos.

Vem-me à cabeça Crime e Castigo, de Dostoiévski: incontornável. Vem-me à cabeça o que o escritor francês J.-B, Pontalis escreveu em um dos capítulos do seu livro sobre crimes, Un Jour, un Crime: “O próprio pai de Dostoiévski foi assassinado por seus servos. Eu os imagino se revezando para acertá-lo golpe por golpe, eu os imagino atacando o seu senhor como se quisessem garantir que ele não renasceria. Matar o inimigo não é suficiente. É preciso alcançá-lo na sua carne”.

O horror nunca é inimaginável, porque já nos habitou, até introjetarmos a civilização que tanto falta no Brasil.

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