Márcio Pochmann no IBGE é garantia de abobrinha barata e pepino caro
Por que a escolha do economista Márcio Pochmann para presidir o IBGE, que mede a inflação oficial, baixa um vegetal e aumenta outro
atualizado
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Lula escolheu o economista Márcio Pochmann para comandar o IBGE. Formado nessa heroica trincheira da resistência ao neoliberalismo que é a Unicamp, Márcio Pochmann é petista até o último ene do nome dele — e, como tal, foi um soldado do partido na presidência do IPEA, entre 2007 e 2012, descartando técnicos que pensavam demais. O IBGE é o instituto que, além de fazer censo demográfico, mede a inflação oficial. Sob Márcio Pochmann, a inflação, essa invenção perversa de economistas neoliberais, estará controlada, não se preocupe. É um economista de sorte, inclusive.
Jornalistas econômicos (não nas palavras) advertiram para a intervenção política no IBGE, com Márcio Pochmann como presidente do instituto. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, até tentou demover Lula da ideia de nomear Márcio Pochmann. Mas é escolha pessoal do presidente da República e ponto final. A frente ampla é intransigente.
Os petistas assumidos e os petistas enrustidos, os defensores da democracia, reagiram com indignação a insinuações de que Márcio Pochmann poderia manipular a inflação medida pelo IBGE com o seu “terraplanismo econômico”.
Os primeiros disseram que Márcio Pochmann sofreu “ataque rasteiro”. Os democratas petistas, por meio da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (aparentemente, não há uma Associação Brasileira de Economistas pela Ditadura), divulgaram nota de repúdio ao “ataque orquestrado contra Márcio Pochmann, contra a Unicamp e contra as linhas de pensamento econômico críticas ao neoliberalismo”.
De acordo com a linha de pensamento econômico crítica ao neoliberalismo de Márcio Pochman, o sucesso é ruim e o insucesso é bom. O PIX, por exemplo, “além de fortalecer o curso do processo neocolonial, aprofunda a lógica da financeirização rentista que não se preocupa com a produção, mas com a circulação do dinheiro”. Ou seja, o cheque era libertador.
Já a Argentina, “na decadência do padrão monetário ouro-libra esterlina dos anos de 1930, ficou carregando o caixão da Inglaterra por mais tempo e perdeu o rumo do desenvolvimento, ao contrário do Brasil. Agora, a Argentina avançou para yuan chinês”. A Argentina não tem mais dólares nem para comprar perfuminho em loja duty free, mas há males que vêm para o bem da linha de pensamento econômico crítica ao neoliberalismo.
Márcio Pochmann no IBGE é garantia de abobrinha barata e pepino caro.