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Macron prefere a abjeção da esquerda a se compor com a direita radical

Macron recusa a direita radical por considerá-la fascista e racista e faz o jogo da esquerda anticapitalista, antissemita e islamista

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Imagem colorida de Emanuel Macron, presidente da França -- Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Emanuel Macron, presidente da França -- Metrópoles - Foto: Stephane Lemouton/Bestimage/IMAGO

A estratégia do partido de Emmanuel Macron, o Renaissance, e do bloco de esquerda comandado pelo radical Jean-Luc Mélenchon, a Nova Frente Popular, parece ter funcionado. 

Para impedir o Rassemblement National, partido da direita radical, de chegar à maioria absoluta na Assembleia Nacional, a estranha composição (não é bem uma aliança) entre macronistas e esquerdistas retirou do segundo turno das eleições legislativas os respectivos candidatos que, no primeiro turno, obtiveram terceiro lugar nas suas circunscrições. Com isso, os adversários do Rassemblement National mais competitivos devem ser beneficiados nas urnas.

É o que mostra a última pesquisa divulgada pelo jornal Le Figaro. Se as projeções se confirmarem no domingo, a direita radical terá uma maioria relativa menor do que a prevista no início da semana. O bloco de esquerda, por sua vez, fará uma segunda bancada mais robusta, enquanto o partido de Emmanuel Macron diminuirá um pouco menos do que o esperado.

Ou seja, a não ser que se encontre uma solução de compromisso invisível até o momento, a França ficará ingovernável durante um ano, pelo menos, até que outras eleições legislativas possam ser convocadas e um partido ou bloco conquiste a maioria absoluta, o que está muito longe de ser uma certeza de antemão.

Tal foi o caminho escolhido por Emmanuel Macron e grande parte da direita moderada, que se recusaram a conversar com o Rassemblement National para assegurar a governabilidade do país. 

Por quê? Porque a direita radical continuaria a ser fascista, racista, xenófoba, homofóbica e islamofóbica,  apesar dos expurgos de maus elementos que vem realizando, e o seu programa econômico afundaria o país. Emmanuel Macron e grande parte da direita moderada preferiram se juntar à esquerda radical stalinista, antissemita, anticapitalista e islamista, com o seu programa econômico que afundaria o país ainda mais.

Demonstra-se, outra vez, que “só a esquerda pode apoiar terroristas e continuar a dar lições de moral”, como resumiu a filósofa liberal-conservadora Chantal Delstol, em artigo para Le Figaro.

As eleições na França elevaram a inimputabilidade da esquerda à enésima potência. “As características nojentas que causam repulsa em relação à extrema direita deixaram de ser consideradas abjetas ao ser hoje prerrogativas da esquerda. De onde se conclui que a mostra dessas características é um pretexto, não um verdadeiro motivo. Não se faz mais ‘barragem’ à direita porque ela é antissemita (é a esquerda que é agora é antissemita), faz-se ‘barragem’ apenas porque é a direita. O rei está nu”, completou Chantal Delstol.

Ela constata que a inimputabilidade da esquerda é uma consequência da Segunda Guerra: 

“O comunismo se beneficiou de todas as desculpas, enquanto o nazismo recebeu a justa punição. Nunca houve Nuremberg para o comunismo, não apenas porque a União Soviética venceu a Alemanha, mas porque o Ocidente sempre teve uma indulgência muito suspeita com o comunismo (sobretudo a França, sem dúvida o país mais igualitarista do planeta).”

E Chantal Delstol exemplifica:

“Hoje, ouço avisos contra um possível ministro da Defesa nomeado por Jordan Bardella (do Rassemblement National), que poderia ser complacente com Putin. Mas eu jamais ouvi um pio quando tínhamos um partido comunista financiado diretamente por Moscou e um ministro da Defesa socialista sobre o qual pesavam fortes acusações de ser agente da KGB regularmente pago pela União Soviética durante anos… E a tradição dos dois pesos, duas medidas se perpetuou abertamente.”

Outro filósofo respeitável, Luc Ferry, escreveu a propósito da esquerda antissemita que “o ódio se veste de virtude” e que a urgência deveria ser “barrar a extrema esquerda para evitar o pior”. 

Um rap intitulado No Pasarán, composto por um “coletivo de rappers” franceses para conclamar os jovens a votar contra o Rassemblement National, é um suco concentrado desse pior que já tomou conta das periferias da França. 

A letra é antissemita, faz apologia do Islã, incita à violência, insulta a França e os franceses e glorifica o tráfico de drogas, como elenca a jornalista Céline Pina. Um dos versos do rap é “Eu carrego a minha kalach na Louis Vuitton como Ramzan Kadyrov (o presidente checheno acusado de crimes contra a humanidade)”, outro é “Viva a Palestina do Sena ao Jordão”, um terceiro é “Marine e Marion (Le Pen) são putas, uma paulada nessas cadelas no cio”, e por aí vai.

É com esse tipo de gente que Emmanuel Macron e os macronistas acham que é possível encontrar um caminho viável para a França. Enquanto houver França, é claro.

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