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Lula não está fazendo “reforma ministerial”. Está é loteando o governo

Aqui no Brasil de Lula, em pleno século XVI, a prática do loteamento permanece em vigor, como se fosse a coisa mais natural do mundo

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1 de 1 Imagem colorida de Arthur Lira conversando com Lula - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Lula não está preparando uma “reforma ministerial”, como se noticia, subestimando-se a inteligência alheia. Ele está é promovendo um loteamento do governo com partidos do Centrão. Para não variar na receita da geleia geral, a justificativa é manter aquela  governabilidade que nada mais é do que a ingovernabilidade do toma-lá-dá-cá. 

Em democracias avançadas, reformas ministeriais costumam ocorrer no meio do mandato de um presidente. O ministro é avaliado pelo presidente segundo o desempenho no cargo e o grau de desgaste político. Se a avaliação for ruim, ele é substituído; se for boa, ele é mantido. É o que ocorreu recentemente na França.

Aqui no Brasil, em pleno século XVI, a prática do loteamento ministerial permanece em vigor, como se fosse a coisa mais natural do mundo — e a imprensa noticia a pouca vergonha como se vergonha muita não fosse, quase sempre acompanhada de “análises políticas”, com o jornalista fazendo aquele ar sério de quem apura no cafezinho do Senado ou recebe plantação de notinhas via WhatsApp.

Ontem mesmo, li uma reportagem sobre “o que se sabe até agora sobre a reforma ministerial de Lula”. Está escrito, até com candura, que o PP quer tirar o ministério do Desenvolvimento Social do PT e que o Republicanos almeja ter o Ministério do Esporte, hoje comandado pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser.

A reportagem diz ainda que “está na mesa a hipótese de entregar a pasta social ao Centrão, mas retirar do escopo dela o Bolsa Família — marca das gestões do PT” e que “nenhuma possibilidade de rearranjo ministerial está descartada. A única pasta que está efetivamente blindada, segundo auxiliares palacianos, é a da Saúde”.

Uma das perguntas básicas que deveriam ser respondidas na reportagem é por que o PP quer tanto a pasta do Desenvolvimento Social. É para salvar mais criancinhas pobres?  Outra indagação lógica: por que o PT não incluiria o Bolsa Família no pacote? É por achar que o PP vai salvar menos criancinhas pobres? Terceira questão: o Republicanos tem algum projeto especial de difusão da esgrima ou do hóquei sobre a grama, para tamanha querença pelo Ministério do Esporte? Por fim, qual é a necessidade de “blindar” a Saúde? Blindar como se blinda carro para evitar assalto?

Não é porque todos sabemos os motivos dos políticos, que as perguntas não devem ser feitas — e respondidas — neste magnífico século XVI do mercantilismo em que o Brasil se desencontra.

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