Lula na montanha-russa de mentiras
Pegue-se apenas o que Lula disse em Angola. Foi uma montanha-russa de lorotas, umas mais altas, outras mais baixas. Aventura eletrizante
atualizado
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Todo político mente, mas há os que mentem mais. Entre os que mais mentem, Lula é o campeão.
Pegue-se apenas o que ele disse em Angola, em viagem recente da sua movimentada agenda internacional. Foi uma montanha-russa de lorotas, umas mais altas, embora mais baixas, outras mais baixas, apesar de serem por alto, até que, ao final, com o nosso fôlego ainda suspenso pela aventura eletrizante, ficou parecendo aos ouvintes que a mentira é tão involuntária a Lula como a sua própria respiração, para usar uma comparação de Machado de Assis, em Dom Casmurro.
A primeira mentira de Lula: Dilma Rousseff foi absolvida das pedaladas fiscais pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A verdade é que a corte arquivou o processo por improbidade, porque a ex-presidente já havia sido punida com o impeachment pela fraude nas contas públicas cometida durante o seu governo — fraude que foi considerada crime de responsabilidade.
A segunda mentira de Lula: não houve pedaladas fiscais. A menos que o presidente da República tenha mandado destruir o relatório do Tribunal de Contas da União que constatou a fraude, as pedaladas continuam fartamente documentadas.
A terceira mentira de Lula, na sua viagem a Angola, foi a de que ele é pobre. Lula afirmou não ser “frustrado por ser pobre”. Em 2022, ele registrou, como candidato à Presidência, ter um patrimônio de 7,4 milhões de reais. Talvez haja aí até uma dupla mentira, o que o afastaria ainda mais da pobreza.
A quarta mentira de Lula, mentirinha fruto da ignorância, provavelmente, o que não lhe retira o caráter de lorota: ele disse ter vergonha de o Brasil não ter voos diretos para a África. Há diversos voos ligando a Brasil a países africanos, inclusive para Angola, onde Lula apresentou o seu seriado de mentiras.
Também houve espaço para a infâmia, Lula-lá, olê, olê, olá. Ele fez uma piada reveladora das suas profundas convicções democráticas, na entrevista coletiva ao lado do presidente de Angola, João Lourenço, notório inimigo da imprensa livre. “”Nunca vi imprensa tão comportada. Acho que é porque você tá aqui… No Brasil a imprensa não é tão comportada assim, ela cobra mais”, disse Lula. O que fizeram os jornalistas brasileiros presentes à entrevista? Ao invés de questionar as excelências sobre a falta de liberdade de expressão em Angola, eles apenas riram, comportados. Ririam se fosse Jair Bolsonaro a cometer a infâmia?
Quando Lula mente, em patranhas com objetivo bem definido, como a de que Dilma Rousseff não fez nada para merecer ser saída do Palácio do Planalto e foi vítima de um golpe, os petistas fazem coro. Chegaram ao ponto de apresentar, nesta semana, um projeto de resolução para anular o impeachment da atual banqueira dos Brics, à guisa de “reparação histórica”. Quando Lula mente apenas por mentir, os petistas olham para cima, assobiam um sambinha de Chico Buarque e deixam o cheiro da mentira ser levado pelo vento. Quando Lula diz o que pensa de verdade, os petistas correm para bancar os tradutores e intérpretes dele, transformando tudo em mentira da oposição.
Que os petistas façam isso, dá para entender. Os bolsonaristas também fazem o mesmo com o seu ídolo. Mas por que tanta gente que não é petista nem bolsonarista ignora ou acha graça nas lorotas de Lula, mesmo naquelas que encerram um projeto político preocupante? Eu pergunto, eu respondo: é porque Lula não é dono da verdade, ele é dono da mentira. É uma conquista sua, coroada pela anulação dos seus processos na Lava Jato. Há de se respeitar.