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Lula foi derrotado pela Lava Jato. É o que explica a sua falta de povo

É constrangedora a tentativa da imprensa de justificar o fato de Lula ter reunido só 1.600 pessoas em SP. Ela deixa de lado a grande causa

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Foto colorida de Ato das centrais sindicais pelo 1º de Maio no estacionamento da arena Corinthians, com a presença de Lula - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Ato das centrais sindicais pelo 1º de Maio no estacionamento da arena Corinthians, com a presença de Lula - Metrópoles - Foto: Bruno Ribeiro/Metrópoles

É constrangedora a tentativa da imprensa de justificar o fato de Lula ter reunido só 1.600 pessoas, por aí, no ato de campanha antecipada para Guilherme Boulos, em São Paulo, supostamente uma comemoração do Dia do Trabalho.

As explicações, se é que se pode chamar assim, vão desde que fazia muito calor na capital paulista até a “dificuldade dos sindicatos de falarem com a base” por causa do “impacto do neoliberalismo entre dirigentes sindicais e trabalhadores, porque essa ideologia desresponsabiliza o Estado da produção do bem-estar e transfere a responsabilidade ao indivíduo, que vai provê-la da maneira que puder”.

Lula foi quem deu a senha de que era preciso encontrar uma desculpa para o fracasso. Ele disse que o ato foi “mal convocado”, e a responsabilidade foi logo atribuída por seu “entorno” ao ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macedo — que contra-atacou dizendo que não é “papel do governo mobilizar atos” e apontando o dedo para as centrais sindicais. Mas, coitadas, o que elas podem fazer diante do “impacto do liberalismo”?

Entre os petistas, há também quem tenha passado a recomendar que Lula “modernize a relação com os trabalhadores”, se quiser recuperar a capacidade de reunir multidões em manifestações das quais ele é a estrela. 

Que o mundo mudou e só os petistas não viram, isso é evidência mais do que forense. Mas não são as grandes mudanças do mundo, entre as reais e as fictícias saídas das cacholas de “cientistas políticos” (profissão que não existe), que são a maior causa da perda de popularidade de Lula.

O  fator de fundo, aquele que mais importa e que a imprensa deixa convenientemente de lado, é que Lula foi derrotado pela Lava Jato, apesar de ter sido solto pelo STF.

Boa parte do povão via em Lula um trabalhador que conseguiu chegar ao poder sem perder a sua essência popular e sem relegar ao terceiro plano a preocupação com os pobres. Com a descoberta pela Lava Jato do oceano de lama no qual ele submergiu, Lula passou a ser visto por muitos que o admiravam como mais um político igual a tantos outros ou até pior, porque nunca se esperou que ele fosse se comportar da maneira que se comportou.

A sua retórica, o seu jeito de falar, as sua piadas de mesa de bar, as suas esmolas com dinheiro público, nada disso embaça mais a visão sobre o verdadeiro Lula: ele é só outro político antigo, que arrancou uma vitória eleitoral apertadíssima em 2024, graças aos deméritos do concorrente Jair Bolsonaro —  que, objeto de repulsa e atacado de todos os lados, ainda consegue se vender como novidade que não é para dezenas de milhões de cidadãos.

Lula é o sistema; Lula é um passado que insiste em reviver. Se vencer a próxima eleição, não será porque os brasileiros tenham voltado a ter a mesma consideração que tinham por ele até a primeira década deste século. Será em cima de eventual fraqueza da concorrência. Lula perdeu a empatia, o charme, o carisma, a capacidade de convencimento, a credibilidade. O mundo mudou, Lula permaneceu idêntico, mas como caricatura de si próprio, porque foi derrotado pela Lava Jato, que expôs o que ele sempre foi.

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