metropoles.com

Lula deveria ser persona non grata também no Brasil

Na memorável entrevista na Etiópia, Lula pós o Brasil na posição de pária internacional. No caso de Israel, foi vergonha, estupidez e ameaça

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ricardo Stuckert
Foto colorida do presidente Lula - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do presidente Lula - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert

Lula passou a ser “persona non grata” em Israel, de acordo com o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz. O anúncio se deu no Museu do Holocausto, em Jerusalém, na presença do embaixador do Brasil, Frederico Meyer, que não conseguiu esconder o embaraço.

O diplomata brasileiro foi convocado a ser repreendido sobre a comparação ignominiosa feita por Lula, na memorável entrevista coletiva na Etiópia, entre a guerra de Israel com o grupo terrorista Hamas e o extermínio dos judeus pelos nazistas. A escolha do Museu do Holocausto não poderia ser menos sutil.

 “Não perdoaremos e não esqueceremos — em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao Presidente Lula que ele é ‘persona non grata’ em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras”, afirmou Israel Katz.

Ainda ontem, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Lula “cruzou a linha vermelha” e  afirmou que as palavras do presidente brasileiro eram “vergonhosas e graves”. Também disse que Lula “banalizou o Holocausto”.

O que Lula fez é, mais do que uma vergonha, uma estupidez e uma ameaça. Mas o ideólogo petista para assuntos internacionais, Celso Amorim, avisou que o chefão não pedirá desculpas a Israel, porque não há nada a ser desculpado e que é “Israel que se coloca numa condição de crescente isolamento”.

Não há vasos comunicantes entre Celso Amorim e a realidade e a ética. O que Lula fez é uma vergonha porque não é verdade que se possa comparar, nem como exercício retórico, uma guerra como de Israel contra o Hamas, por mais cruenta que seja, ao extermínio em massa levado a cabo por Adolf Hitler e os seus comparsas — e eu não vou me alongar mais uma vez sobre o fato de os civis mortos em Gaza serem usados como escudos humanos pelo grupo terrorista, cuja contabilidade não discrimina os milhares de soldados do terror abatidos por Israel. Tanto não é verdadeira a comparação de Lula, que o Tribunal Penal Internacional, no qual a África do Sul processa os israelenses por “genocídio dos palestinos”,  rejeitou impor um cessar-fogo imediato na região.

Lula cometeu uma estupidez porque coloca o Brasil na posição de pária internacional, embora Israel tenha tido o cuidado de separar o presidente brasileiro do país que ele governa, ao classificar Lula como “persona non grata” e não chamar o seu embaixador em Brasília de volta a Tel Aviv, o que significaria praticamente uma ruptura de relações diplomáticas (e esse seria o caso).

Por último, a ameaça embutida nas palavras de Lula é à comunidade judaica no Brasil. Como eu disse no X, o presidente brasileiro precisa ser responsabilizado diretamente, a partir de agora, por cada ato antissemita cometido no país.

A fala do presidente brasileiro na Etiópia é um sinal verde à canalha que acha que judeu bom é judeu morto. E a canalha está cada vez mais à vontade. Apenas em outubro do ano passado, quando Israel reagiu ao massacre perpetrado pelo Hamas no seu território, houve 467 denúncias de casos de antissemitismo registrados no país, conforme divulgaram a Confederação Israelita do Brasil e Federação Israelita do Estado de São Paulo. Os judeus brasileiros continuam apavorados.

Lula não tem o direito de transformar em política oficial o seu antissemitismo e o antissemitismo da esquerda, assim como não pode fazer o mesmo em relação ao seu apoio ideológico e ao do seu partido a ditadores latino-americanos, como Nicolás Maduro, e ao carrasco Vladimir Putin.

Na Etiópia, além de atacar Israel com a comparação maliciosa usualmente feita pelos antissemitas, Lula foi cínico ao não condenar a expulsão de funcionários da agência da ONU para os direitos humanos que trabalhavam na Venezuela, por causa da prisão da oposicionista Rocio San Miguel, que acusou o governo de Nicolás Maduro de torturar presos políticos. Usou a sua forma clássica de escapar a responsabilidades. Disse que não sabia de nada.

Indagado ainda sobre por que o Brasil não se manifestou sobre a morte de Alexei Navalny, em um gulag na Sibéria, Lula afirmou que não o fez “por bom senso”, porque “se a morte está sob suspeita, temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu”. O “cidadão” já havia sido envenenado por Vladimir Putin, foi preso arbitrariamente e a família luta para ter o seu corpo.

Como escrevi também no X, depois dessa resposta de Lula, só um idiota pode achar que ele não é aliado de Vladimir Putin na sua guerra contra a civilização. Lula deveria ser persona non grata também no Brasil, não fôssemos um país de QI baixo e com uma elite boçal. Ele tem currículo suficientemente extenso para isso.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comMario Sabino

Você quer ficar por dentro da coluna Mario Sabino e receber notificações em tempo real?