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Já passou da hora de instalar a CPI do MST

O movimento dos sem terra continua a cometer crimes impunemente. O governo é cúmplice ou refém? A resposta vale 1 bilhão de reais

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1 de 1 MST-abril-vermelho-invasão-sede-incra-embrapa - Foto: Reprodução/MST-PE

Há pouco mais de um mês, publiquei um artigo intitulado O MST ataca um pilar da democracia, para comentar as invasões de três fazendas da Suzano Papel e Celulose, no sul da Bahia, crimes tratados com candura pelo governo federal.

O pilar da democracia em questão é o direito à propriedade, tão inviolável quanto a vida, a liberdade, a igualdade e a segurança, de acordo com a Constituição Federal. Como disse no artigo, não parece que esses direitos sejam intercambiáveis.

Agora, temos o MST perpetrando mais invasões, exatamente como informado por João Pedro Stedile, o capo do movimento, ao jornalista Rodrigo Rangel, do Metrópoles. O sujeito integrava a comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita a Pequim, a pretexto de ver de perto o funcionamento do modelo agrícola chinês. Quem sabe teremos uma Revolução Cultural. 

No momento em que escrevo esta coluna, o MST havia invadido outra vez fazendas produtivas da Suzano Papel e Celulose, agora no Espírito Santo, ocupado sedes do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) e se assenhorado de áreas de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Pernambuco. Não adiantou nada o governo ter dado ao MST cargos de chefia no Incra poucos dias atrás.

Diga-se com todas as letras que o governo petista está sempre pronto a transigir com o movimento. Comporta-se como se fosse cúmplice ou refém do MST. Prova disso é que até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebeu, no final da tarde da quinta-feira, em São Paulo, a cúpula do movimento, para “negociar” com os poderosos chefões  É que os caras querem dinheiro, muito dinheiro, para “fazer a reforma agrária”. Querem 1 bilhão de reais. Sim, você leu certo: 1 bilhão de reais.

Dentro do governo, quem está fulo com o MST é o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, agropecuarista filiado ao PSD. Já deve ter percebido a encrenca em que se meteu ao aceitar o cargo. Por causa das novas invasões, ele cancelou uma palestra que daria em Londres, no evento promovido pela empresa de João Doria, e voltou para o Brasil. No Twitter, ele comentou a ocupação da Embrapa:

“Inaceitável! Sempre defendi que o trabalhador vocacionado tenha direito à terra. Mas a terra que lhe é de direito! A Embrapa, prestes a completar 50 anos, é um dos maiores patrimônios do nosso país. O agro produz com sustentabilidade e se apoia nas pesquisas e em todo o trabalho de desenvolvimento promovido pela Embrapa. Atentar contra isso está muito longe de ser ocupação, luta ou manifestação. Atentar contra a ciência, contra a produção sustentável é crime e crime próprio de negacionistas.”

Fato é que o silêncio ensurdecedor de Lula e a disposição de “negociar” com os criminosos funcionam como aval para o MST fazer o que bem entender. Um dos líderes do movimento, João Paulo Rodrigues, que participou da coordenação de campanha de Lula, foi claríssimo sobre a relação simbiótica entre o governo petista e o movimento, ao comentar a presença de João Pedro Stedile na comitiva do presidente da República na viagem à China:

“João Pedro foi a convite de Lula porque nós somos representantes de pelo menos dois milhões de pessoas, gente que vive da agricultura, que produz, que tem cooperativa, que precisa de inovação tecnológica. E que está avançando na produção de novas tecnologias energéticas. Por isso, acompanhamos a delegação. E iremos a quantas agendas o presidente Lula nos convidar. Lembramos a todos que fizemos a campanha e ganhamos essa eleição com o Lula. Então, esse governo também é nosso.”

É deles, entendeu, ou precisa desenhar? Neste abril vermelho, mas não de vergonha, João Paulo Rodrigues tenta barrar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar as invasões neste início de governo. Mas já passou da hora de abrir a CPI do MST. É preciso dar um basta aos delinquentes e investigar por que o governo transige e “negocia” com o movimento dos sem terra. Em 2015, quando tentava deter o impeachment de Dilma Rousseff, Lula disse: “Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stedile colocar o ‘exército’ dele nas ruas”. O governo é cúmplice ou refém nos atentados do MST ao Estado de Direito? A resposta vale 1 bilhão de reais.

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