Há três conclusões a tirar do caso de polícia envolvendo Gusttavo Lima
A última delas é que o cantor Gusttavo Lima figura apenas em um trailer do grande esquema de lavagem de dinheiro que está para vir por aí
atualizado
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Há três conclusões a tirar do episódio da prisão do cantor sertanejo Nivaldo Batista Lima, conhecido como Gusttavo Lima, que tem sucessos como Gatinha Assanhada e Doidaça, de acordo com o que li na rápida pesquisa sobre ele feita na internet.
A primeira conclusão é que a Grécia ficou perto demais para esses brasileiros admiradores da mitologia grega, entusiastas da arqueologia e leitores de história e filosofia. É melhor que pessoas como eu busquem outras áreas de interesse, de preferência a milhares de quilômetros das Ilhas Cíclades.
A segunda conclusão é que Gusttavo Lima tem tês suficientes para fazer grandes amigos. No iate Project X, avaliado em R$ 1 bilhão, alugado por ele para comemorar o seu aniversário no Mar Egeu, estavam o ministro do STF Kassio Nunes Marques e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, ao lado de José André Neto e Aislla Sabrina Rocha (os dois éles são irmãos de alma dos dois tês), casal procurado pela polícia. Marido e mulher são suspeitos de operar um esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais por meio da casa de apostas eletrônicas da qual são donos, a tão valiosa quanto valorosa Vai de Bet.
Gusttavo Lima teve mandado de prisão preventiva expedido contra ele por supostamente ter ajudado o casal a fugir e por ser suspeito de participar da lavagem.
O governador Ronaldo Caiado negou a primeira suspeita. Afirmou à jornalista Bela Megale que sugeriu ao casal que desembarcasse do barco depois de ser informado por seu secretário que uma ordem de prisão havia sido expedida contra as duas más companhias. Ronaldo Caiado disse a José André Neto que não havia mais ambiente para ele e a sua mulher permanecerem no iate.
Se o governador está falando a verdade, Gusttavo Lima não ajudou o casal a fugir, seja na própria Grécia ou nas Ilhas Canárias, onde o Gulfstream do cantor sertanejo que trouxe os happy few de volta fez escala inesperada antes da seguir para Goiânia.
A escala foi para abastecimento, segundo Ronaldo Caiado, porque o avião havia gastado combustível além da conta por causa de um vento de proa demasiadamente forte. O casal foragido da polícia, diz o governador, não estava a bordo. Jatos como o Gulfstream têm autonomia de voo suficiente para aproximar perigosamente brasileiros da civilização.
Quanto à outra acusação contra Gusttavo Lima, a coisa fica um pouquinho mais complicada. A Justiça afirma que ele adquiriu 25% da casa de apostas eletrônicas usada para lavar dinheiro. Não seria, portanto, mero garoto-propaganda da Vai de Bet.
Gusttavo Lima está no mesmo rolo de uma certa Deolane Bezerra, que tem a profissão mais nova do mundo, a de influencer. Deolane, que estranhamente não tem nenhuma consoante dobrada no nome, saiu da prisão no dia em que Gusttavo Lima deveria ter sido preso, não estivesse o moço na sua casa espetacular em Miami.
Casas de apostas eletrônicas movimentaram 100 bilhões de reais no país em 2023, tirando dinheiro do comércio e endividando 85% dos brasileiros que caem nessa vigarice. O jogo tradicional também está em vias de ser legalizado no Brasil inteiro. O setor de apostas é uma lavanderia de dinheiro mais clássica do que Gatinha Assanhada e Doidaça.
Esta é a terceira conclusão: o que assistimos no caso que envolve Gusttavo Lima é apenas um trailer do que deverá vir por aí. Sempre supondo, é claro, que lavagem de dinheiro continuará a ser crime no Brasil.