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Greve em SP: tática do PSol é limpa como as cuecas de Karl Marx

A greve em São Paulo é oferecimento do PSol, a fim de desgastar o governo Tarcísio de Freitas. Um aperitivo para a disputa eleitoral em 2024

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Guilherme Boulos
1 de 1 Guilherme Boulos - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Socialismo e Liberdade: tal é o nome embutido na sigla PSol, partido fundado no início do século por parlamentares expulsos do PT, como a então senadora Heloísa Helena. A expulsão ocorreu porque eles se opuseram ao “neoliberalismo” do primeiro governo Lula. 

O mensalão ajudou a engrossar as fileiras do PSol, mas, ao longo dos anos, o coração endurecido da dissidência foi sucumbindo ao charme do painho Lula. Até que o PSol se tornou linha auxiliar do PT.

O PSol é conveniente para Lula. Ele faz realpolitik juntamente com o PT, enquanto os psolistas prestam serviços mais à esquerda, provocando o STF a legislar contra a direita e mantendo os chamados movimentos sociais em órbita próxima.

Nesse fim de semana, o Congresso do PSOL definiu que continuará a ser linha auxiliar do PT. O pau comeu na disputa pela presidência do partido, porque a corrente Movimento Esquerda Socialista (existiria uma Direita Socialista?) queria ser independente em relação a Lula, mas a corrente Primavera Socialista (imagine-se o Verão Socialista), do camarada Guilherme Boulos, não. 

A Primavera Socialista (imagine-se o Outono Socialista) venceu e a presidente do PSol será a historiadora Paula Coradi. Entrevistada por um portal, ela disse, em sintaxe peculiar: “Eleger Guilherme Boulos prefeito de São Paulo vai ser uma das grandes tarefas e desafios que o PSol vai se empenhar e vai fazer de tudo para produzir essa vitória política que, além de ser uma vitória do PSol, vai ser uma vitória enorme para toda a esquerda brasileira”.

Não creio que será uma vitória maiúscula ou minúscula para ninguém, à exceção do próprio Guilherme Boulos e o seu pessoal. Deixando de lado que o negócio da esquerda não é tapar buraco, mas abrir buraco, fato é que o buraco é mais embaixo.

PSol como sujeito da oração “vai fazer de tudo para produzir essa vitória política” é de causar calafrios (imagine-se o Inverno Socialista). Um prenúncio dessa disposição de “fazer de tudo” é a greve de hoje em São Paulo.

Os sindicalistas do PSol resolveram organizar greve de um dia no metrô, nos trens urbanos e no fornecimento e tratamento de água, a fim de protestar contra a privatização das respectivas estatais. É greve política em serviços essenciais, a fim de desgastar o governo de Tarcísio de Freitas. A esperteza é que, para os eleitores mal-informados, a maioria deste esplêndido universo democrático tropical, a culpa do por que parou, parou por quê é sempre do governante. Greve em São Paulo: um oferecimento do PSol e as suas táticas limpas como as cuecas de Karl Marx.

Essa greve é aperitivo do tipo de enfrentamento que o atual prefeito Ricardo Nunes pode esperar na eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2024. O marqueteiro que fez campanhas para João Doria e Geraldo Alckmin tentará disfarçar a extrema esquerdice de Guilherme Boulos — cara de bonzinho, fala macia, fotinhos de família, música suave ao fundo –, mas o chefão do MTST é o chefão do MTST e o PSol é o PSol.

É o realismo socialista cheio de liberdades em relação à propriedade privada, à livre-iniciativa, à urbanidade— e que, no escurinho dos diretórios e das salas dos sindicatos, adjetiva pejorativamente a democracia representativa de “burguesa”. Tudo bem de acordo com o que se pensava — não todo mundo — há pelo menos 100 anos. O socialismo foi enterrado no cemitério das ideias, menos no Brasil e outras latitudes igualmente paradisíacas para a burrice.

O PSol sucumbiu ao charme de Lula só até certo ponto. A essência da sua natureza é incontornável. Como linha auxiliar, o PSOL presta um grande serviço ao PT; no comando de uma cidade como São Paulo, prestará um desserviço ainda maior ao país, inclusive ao partido de Lula. Nem tudo que é ruim para o PT é bom para o Brasil.

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