Feirão do IMC: Mounjaro para o Senado; Ozempic para os pobres do Rio
Enquanto Alcolumbre distribui Mounjaro no Senado, Eduardo Paes promete Ozempic na rede de saúde do Rio. Abaixo o Índice de Massa Corpórea
atualizado
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Davi Alcolumbre, que deve voltar a ser presidente do Senado, depois da passagem do coruscante Rodrigo Pacheco, está ajudando a baixar o Índice de Massa Corpórea, o temível IMC, na capital federal.
De acordo com o jornalista Lauro Jardim, “Alcolumbre é dono de um dos maiores estoques de Mounjaro de Brasília. Como, aparentemente, não faz uso do chamado ‘Ozempic dos ricos’, tem presenteado seus colegas com caixas do medicamento preferido dos políticos para perder peso”.
Na minha crônica indiferença em relação aos assuntos que realmente despertam interesse nas pessoas, eu não sabia que existia um Ozempic dos ricos. Achei, a princípio, que o apelido do remédio tivesse sido dado por jornalistas recalcados, desses que chamam qualquer casa grande de mansão.
Eu estava enganado: para ficar ainda mais cheia de graça e elegância, a elite brasileira paga em torno de R$ 15 mil por um mês de tratamento com Mounjaro. É para rico, mesmo.
Ou seja, se entendi certo, Davi Alcolumbre estaria comprando votos de senadores com um remédio para emagrecer caríssimo. Aparentemente, ninguém acha nada de errado nisso, visto que a notícia ficou relegada ao universo dos fatos apenas curiosos.
O aspecto inusitado é que se poderia verificar quem sucumbiu ao suposto brinde de Davi Alcolumbre por meio da comparação temporal das silhuetas dos senadores e dos seus familiares. Os que passaram a exibir cinturinha de vespa entrariam automaticamente para o universo dos suspeitos.
A sigla IMC passaria, então, a ter outro significado: Índice de Massa Corrupta. Mas, como eu disse, parece que ninguém vê problema nenhum em um senador distribuir Mounjaro em troca de votos dos seus pares.
É preciso ver o lado bom em tudo: a iniciativa nos renderá um Senado menos obeso na balança e mais longevo na sua voracidade por dinheiro público.
O feirão do IMC está só nos seus começos. Eduardo Paes, candidato à reeleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, não dispõe do Ozempic dos ricos para comprar votos, mas está prometendo distribuir o Ozempic original, dos pobres, se obtiver outro mandato.
Em entrevista a um jornal carioca, ele disse:
“Tomei muito Ozempic, aquele remedinhos que está baixando o peso de todo mundo. Ele vai ter a patente aberta no ano que vem, vai poder ter o genérico, e vou colocar na rede pública toda. Perdi 30 quilos com Ozempic. O Rio vai ser uma cidade que não vai ter mai gordinho, todo mundo vai tomar Ozempic nas clínicas de família.”
Abaixo o índice de massa corpórea, é isso aí. Se Eduardo Paes tiver a oportunidade de cumprir a sua promessa e massificar o uso de Ozempic, só aconselho que ninguém mais entre no mar do Rio de Janeiro. Por questão de balneabilidade.