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É mais fácil ladrão não raspar cofre aberto do que Lula cortar gastos

É preciso, contudo, fazer de conta que Lula vai cortar na carne, e eis que estamos no processo de votar a tapeação do tal arcabouço fiscal

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Presidente Lula acompanhando do presidente da Câmara, Arthur Lira, participam da cerimônia de sanção da lei que moderniza a Lei Geral do Turismo -- Metrópoles
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Qual é a chance de o governo Lula cortar gastos de verdade e a de uma Câmara comandada por Arthur Lira respeitar regras para a liberação de bilhões de reais em emendas? Menor do que a de um amigo do alheio não raspar um cofre aberto cheio de bufunfa. Zero, portanto.

É preciso, no entanto, fazer de conta que o governo vai economizar, que a Câmara é responsável, e eis que estamos no processo de votar a tapeação do tal arcabouço fiscal. Brasília finge que economizará, o mercado finge que acreditará, o dólar dará uma acalmada, a Bolsa voltará a subir, e seguiremos medíocres, na mais benigna das hipóteses, até a próxima crise.

Para fingir, o negócio é complicar, e você deve estar perdido na barafunda de limites de percentuais para torrar dinheiro público, a depender das situações tais e tais, nas quais haverá um freio assim ou assado, a ser puxado não se sabe exatamente por quem. Não se dê ao trabalho de entender nada, não, porque é tudo conversa para boi dormir.

Enquanto os jornais estampam em manchetes que agora, sim, essa gente toda será responsável (inclua o Judiciário, por favor, apesar de ele “não ter participação na crise fiscal”, segundo o ministro Luís Roberto Barroso), uma notícia que ajuda a desmontar a farsa não mereceu muito destaque.

Ela foi dada pelo jornalista Daniel Weterman: o governo retirou da Lei de Diretrizes Orçamentárias a proposta que endurecia a meta fiscal, abrindo caminho para gastar mais no ano que vem.

A proposta obrigava o governo a mirar no déficit zero até outubro de 2025, sem margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto, o que equivale a um déficit permitido de quase R$ 31 bilhões.

“Em 2024, o governo usou essa tolerância para diminuir a necessidade de congelamento de despesas, afrouxando o controle das contas públicas. A prática de mirar no limite inferior da meta vem recebendo críticas de analistas do mercado, de consultorias de Orçamento do Congresso e do próprio Tribunal de Contas União”, registra Daniel Weterman.

O espetáculo de lorotas fica mais evidente quando se volta ao noticiário não tão antigo assim. Há um ano, em dezembro de 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aquele que confessou colar em provas de economia na faculdade, reafirmava o compromisso com o déficit zero em 2024.

Quatro meses depois, em abril, Fernando Haddad mudou de ideia e anunciou que o governo havia resolvido empurrar o objetivo de déficit zero para 2025. Balela desmentida mais uma vez com a retirada da proposta de endurecer a meta do texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Não há a menor possibilidade de o Brasil trilhar o caminho certo. De vez em quando, até parece que saímos do desvio, mas nunca é por muito tempo.

O motivo é cristalino. Qualquer jornalista minimamente honesto e com alguns anos de carreira sabe que o país é um detalhe sem importância para os políticos brasileiros. O que eles têm em mente são projetos partidários de conquista e de manutenção de poder e de enriquecimento pessoal.

José Dirceu não poderia ter sido mais claro sobre as prioridades. Em entrevista à jornalista Renata Agostini, no início do mês, ele disse que, ao exigir contenção de gastos, o mercado queria que o governo Lula fizesse um sacrifício impensável. “Estão pedindo que nós façamos haraquiri. É isso que eles estão pedindo”, disse o guerreiro do povo brasileiro. Suicídio por honra não está nos planos dos petistas e, sejamos justos, de ninguém em Brasília.

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