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Dona Maria e Seu João, aguentem firmes, o IBGE está chegando

Márcio Pochmann, presidente do IBGE, quer ir aonde o povo está. Ele persiste na luta porque quem sabe faz a hora, não espera acontecer

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Admiro o economista e militante petista Márcio Pochmann, presidente  do IBGE. Apesar de todas as dificuldades criadas pela classe dominante, ele persiste na luta, porque quem sabe faz a hora, não espera acontecer. É, assim, um companheiro de todos os momentos e de todos os números que favoreçam a revolução. Porque a realidade é uma ilusão burguesa e a matemática, um instrumento de dominação capitalista.

Ele agora quer mudar — “modernizar” — a forma de divulgação dos dados das pesquisas do instituto que preside para “chegar na Dona Maria diretamente”. Esse é o grande desafio do IBGE, segundo o militante petista. “Porque a tecnologia, hoje, possibilita que a gente chegue na dona Maria, no seu João. Que eles possam ter acesso diretamente às informações do IBGE. Isso não é desconsiderar todos os veículos que existem, todas as formas de comunicação. Nada é substituído”, disse ele.

Márcio Pochmann tem razão. A dona Maria e o seu João clamam já faz muito tempo por receber informações diretamente do IBGE, sem a mediação da imprensa patronal, que insiste, cheia de maus propósitos, em fiscalizar se o instituto utiliza metodologias corretas, de uma perspectiva burguesa, para elaborar as suas estatísticas.

Nas filas dos postos de saúde, é uma reivindicação constante. “Cadê o IPCA do IBGE, por que não recebo no meu smartphone?”, costuma reclamar a dona Maria, enquanto o seu João balança a cabeça, desalentado, porque ele também sente falta não só de receber o IPCA, como o índice de desemprego divulgado mensalmente pelo instituto. Recebendo diretamente, a dona Maria e o seu João poderão ignorar as eventuais acusações de distorção feitas pela imprensa reacionária.

Para ir aonde o povo está — sempre em alguma fila — e mostrar que o Brasil vai muito melhor do que dizem os direitistas mal-intencionados, Márcio Pochmann teve uma ideia genial: usar a China como padrão de modernidade — a China, que suspendeu a divulgação dos dados de desemprego entre os jovens, que estão altos demais (o desemprego, não os jovens) para os padrões socialistas.

Você aí parado, que também é explorado, sabe como é: a mudança do modo de produção capitalista requer, logicamente, a transformação do modelo de produção de estatísticas, como pedem urgentemente a Dona Maria e o Seu João.  “Hoje, com o deslocamento do centro dinâmico do mundo para o Oriente, já não estão perceptíveis as melhores soluções apenas no Ocidente. O Oriente também traz informações”, explicou Márcio Pochmann.

Como não poderia deixar de ser, os porta-vozes da burguesia já se manifestaram. O economista Edmar Bacha, um dos responsáveis pelo Plano Real, aquela ação funesta contra os interesses dos trabalhadores, e ex-presidente do IBGE, quando o IBGE servia à manutenção da hegemonia capitalista, disse, em entrevista ao jornalista Carlos Eduardo Valim:

“Já pensou se o Pochmann resolve mexer no IPCA? Toda a estrutura de financiamento do governo é baseada no IPCA. Mesmo que fosse para fazer alguma melhoria, seria um tsunami no mercado financeiro. Não estou dizendo que a metodologia do IPCA é perfeita, mas, sendo ele quem é, qualquer tentativa de mudar qualquer coisa no IBGE vai criar confusão.”

Edmar Bacha também afirmou que Márcio Pochmann “é um político. Foi candidato três vezes à Prefeitura de Campinas e a deputado estadual por São Paulo. O problema é o histórico dele, como foi a atuação dele à frente do Ipea, quando fez, por exemplo, um concurso completamente ideológico e dirigido. Pode-se até argumentar que os técnicos não vão deixar ocorrer uma mudança do IPCA, e não vão deixar mesmo. Mas só de mencionar o assunto ou de falar de trazer técnicos da China para aprimorar o trabalho com os dados, todo o sistema estatístico nacional vai ficar sob suspeita”.

Dona Maria e Seu João, não escutem os porta-vozes da classe dominante. Márcio Pochmann resistirá a tudo e a todes. Aguentem firmes, o IBGE está chegando para melhorar a visão — e a audição, o olfato e o paladar — dos brasileiros, em busca de um mundo mais justo, mais fraterno e mais igual. Aquele abraço aí no pessoal da fila.

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