De onde o PT tirou que Cristiano Zanin tem de ser de esquerda?
Cristiano Zanin nunca se comportou como um homem de esquerda. Ele só advogou para um homem de esquerda, que nem é tão de esquerda assim
atualizado
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Os petistas estão nervosos com a atuação de Cristiano Zanin nos primeiros julgamentos dos quais ele participou como ministro do STF. Cristiano Zanin votou contra a descriminalização do porte de drogas e contra a tipificação da homotransfobia como crime de injúria racial (voto solitário). Ninguém sabe qual será a sua decisão quanto ao marco temporal para a demarcação de terras indígenas (a esquerda não quer, a direita quer).
O nervosismo do PT é porque ele foi indicado por Lula e, como Lula é de esquerda, logo Cristiano Zanin teria de ser de esquerda e seria obrigado a votar de acordo com o ideário da esquerda. O silogismo é falso porque as suas premissas não têm base na realidade dos fatos.
Ponto 1: Lula não indicou Cristiano Zanin por ideologia. Indicou-o por um arco de motivos que vão da gratidão pelo trabalho dele como seu advogado de defesa na Lava Jato à garantia de que teria no novo ministro votos favoráveis naqueles assuntos de ordem criminal e política que lhe interessam diretamente.
Ponto 2: Lula não é de esquerda por inteiro em matéria de costumes, embora se esforce para parecer que seja, por conveniências eleitorais e porque a atual Dona Encrenca o atormenta lá em casa.
Ponto 3: para repetir Oscar Wilde, “só um idiota não julgaria pelas aparências”. Cristiano Zanin não se veste como um homem de esquerda, não se penteia como um homem de esquerda, não fala como um homem de esquerda, nunca se comportou como um homem de esquerda e jamais disse que era um homem de esquerda. Pelo contrário, era considerado de direita na faculdade e, na sabatina no Senado, até encantou os mais conservadores. Por que votaria como um homem de esquerda? A verdadeira surpresa será se vier a fazê-lo, não o contrário.
Cristiano Zanin só advogou para um homem de esquerda, que nem é tão de esquerda assim. A esquerda não julga pelas aparências. Nem a imprensa brasileira.